A edição original de "El viajero más lento" é de 1992. Quase vinte anos depois Enrique Vila-Matas o republica em uma edição muito bem cuidada da Seix Barral. O curioso da globalização é ter em mãos um livro que tem como data final, incluída no novo epílogo, o início de maio desse 2011. Das gráficas de Barcelona a Santa Maria quase sem escalas (devo incluir nesta conta, talvez por se tratar mesmo de "El viajero más lento", o bom par de meses que o livro descansou em minha biblioteca). São trinta e cinco textos, se incluirmos o prólogo e os dois novos epílogos (preparados especialmente para essa reedição). Os textos originais, publicados em jornais e revistas antes que em livro, pertencem a um período longo de tempo, o mais antigo de 1968, boa parte deles, do final dos anos 1980. São ensaios literários, reflexões sobre literatura, autores. Não li nem metade de tudo o que Vila-Matas já publicou, mas nesse livro reconheço vários dos temas caros à ele: o jogo da citação literária, dos pastiches, o jogo das influências, das opiniões sobre a história da literatura contemporânea, o censo dos habitantes do mundo maravilhoso dos livros, a invenção amalucada de conexões entre temas aparentemente díspares. O próprio Vila-Matas apresenta cada um dos textos e indica ao leitor quais narrativas longas brotaram das idéias originais publicadas no livro. Ele fala também de seu método de invenção (se é que isso é possível) e da escolha de leituras e temas. Gostei muito de ler a entrevista com Marlon Brando que ele fingiu traduzir em 1980 (cabe lembrar que nele nenhuma informação pode ser trivialmente aceita como verdadeira). A entrevista (verdadeira?) com Salvador Dali também está incluída na compilação. A história do exílio de don Pio Baroja (El acero del dolor) é particularmente tocante. Nela encontramos a associação entre o ofício do escritor e o ato de cruzar fronteiras, uma coisa boa de se pensar. É um livro para se disfrutar, com calma e prazer, mas tendo em conta, como Vila-Matas mesmo diz: "Ya hace años que no soy nada amigo de las afirmaciones categóricas. Salbo que sean dichas en tono irónico." Sejamos irônicos pois. [início 24/10/2011 - fim 13/11/2011]
"El viajero más lento: El arte de no terminar nada", Enrique Vila-Matas, Barcelona: editora Seix Barral,
1a. edição (2011), brochura 13,5x23 cm, 222 págs. ISBN:
978-84-322-0943-7 [edição original: Barcelona: Anagrama, 1992]
Olá, ainda estou sob impacto da leitura de a máquina de fazer espanhóis, único e magistral livro que li dele, e sobre o qual estou vendo se escrevo alguma coisa. Vou tentar ler esses dois a que vc se refere, mas parece que o homem produz com fôlego eterno :)). Obrigada por me apresentar a mais duas obras que parecem bem interessantes, ele é mesmo muito bom escritor,
ResponderExcluirabraço,
clara
ps. seu fôlego para ler é invejável ::)
Já corrigi o mico da troca de autores em algum outro lugar, não sei bem onde, mas o valter hugo mãe há de me desculpar por confundi-lo com o vila-matas, afinal, suas obras se prestam homenagens frequentes, e ambos são mesmo ótimos ::)
ResponderExcluirum abraço,
clara