segunda-feira, 22 de maio de 2017

a sede das pedras

São nove contos curtos, muito bem escritos. Não é fácil dizer se Cassio Pantaleoni  destaca-se pelo apuro no uso da linguagem, pela inventividade das histórias que cria ou ainda pelas sutis reflexões que provoca. São histórias em que um narrador perscruta as razões ou o comportamento de indivíduos raros: uma mulher que parece provocar a morte de seus pretendentes; uma garota que convive nas férias com uma prima que enlouquece; uma mulher que almeja sobretudo a maternidade; uma industriosa migrante italiana recém chegada à Argentina; um garoto que é mal cantor e ainda pior piadista; um mendigo que grita na rua; um sujeito que olha o mar procurando consolo e memórias; um garoto que conta sobre um grupo felliniano que sonha com a expectativa do repasto de um bom bifes; o relato amalucado de um adolescente sobre uma lenda urbana, uma violenta competição entre garotas. Ao leitor Pantaleoni, ou ainda, esse narrador que é tão bom juiz de caráter quanto esteta, parece oferecer a oportunidade de preencher vazios, ligar pontos, completar o antes ou o depois das histórias, nunca esgotando apenas com as palavras cada tema e possibilidades. Muito bom.
[início: 21/04/2017 - fim: 22/04/2017]
"A sede das pedras", Cassio Pantaleoni, Porto Alegre: Editora 8Inverso, 1a. edição (2012), brochura 14x21 cm., 96 págs., ISBN: 978-85-62696-18-3

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