segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

deus não é grande

Estamos já no estágio avançado de uma guerra aberta. Curiosamente trata-se de uma guerra que estamos perdendo feio. A guerra se dá entre nós (eu explico este nós depois) e as forças da ignorância e do obscurantismo, fortemente armadas e com miríades de adeptos. Nós para mim é cada um que tenha a civilização como um valor. Acontece que nós, aquelas pessoas que vivem no século XXI e preza valores seculares e humanistas tende a não se preocupar com os sinais ameaçadores no horizonte. Sendo pessimista (como afinal de contas deve-se sempre ser) o mundo como nós conhecemos está em vias de ser tomado de assalto por uma legião de inquisitores sedentos de sangue. Hoje em dia as pessoas que professam alguma crença em força superior, em um deus, em duendes e feiticeiros, em poderes mágicos transcendentais, em alguma religião organizada não têm mais pejo em afirmar os maiores absurdos como se estivessem apresentando fatos irrefutáveis. A grande verdade é que a religião envenena tudo. É uma perversa forma de dominação e está no mercado já há tempos, aprendeu todas as regras e truques de dominação, desde as mais sutis até as mais canalhas.A religião envena tudo. Este é o argumento principal deste seminal livro de Christopher Hitchens. Quando vemos uma ministra de estado defendendo o criacionismo; quando um grupo utilizando brechas na torpe legislação brasileira se une para intimidar jornalistas; quando um grupo de patetas decide proibir pesquisas pelo simples fato de não compreendê-las; quando um bush da vida desafia o bom senso; quando um ministro do judiciário posterga pesquisas sobre células-tronco pelo simples fato de ser um católico praticante, quando uns ferozes bárbaros se insurgem contra o aborto e o sexo; quando se tenta dar o falso status de ciência a mágia e ao obscurantismo, estamos tratando dos avanços das legiões dos adeptos de alguma religião. Para mim este livro deveria ser lido por qualquer pessoa minimamente interessada que um mundo secular, humanista, onde valores do iluminismo e da modernidade sejam preservados e continuem existindo. Não se interessar por este tema, não ler este livro (e lê-lo como quem se prepara para um grande combate) tem como única alternativa a volta bovina para as cavernas escuras da estupidez, onde entregaremos nossas vidas aos desejos patológicos dos proselitistas das religiões (sejam elas quais forem: cristianismo, judaismo, hinduismo, islamismo, protestantismo, budismo, espiritismo, paganismo, esoterismo, cientologia, religiões moderninhas, descoladas, etc e tal, enfim, não há a menor diferença prática nos objetivos destes senhores da guerra). Prepare o seu tacape ou seu taco de beisebol.
"deus não é grande", Christopher Hitchens, tradução de Alexandre Martins, editora Objetiva, 1a. edição (2007) brochura 15,5x23,5cm, 286 pág., ISBN: 978-85-00-02231-9

Um comentário:

  1. Admiro o modo como encaras tudo isso, apenas discordo de tal parte: "É uma perversa forma de dominação e está no mercado já há tempos".

    Tudo que imaginas tem poder de dominação, seja religião, política ou outro conceito que pensares. Apenas quem quer ser dominado será, apenas os que não abrem os olhos não vêem além das cavernas das sombras.
    Dizer que à religião é fornecida o papel de obscurantista e perversa, a mácula da sociedade, é enxergar apenas um lado do poliedro multifacetado que são todas as formas de sociedade e, tb, os seres humanos.

    Não julgo os ateus ou os fanáticos religiosos, a cada um cabe sua escolha, mas acho que colocar a religião como vilã é o mesmo (para mim) que inocentar e legitimar todas as outras formas de tentativas de poder, que vêm desde a chamada pré-história no que se refere aos seres humanos, quando um precisava disputar o poder do grupo, até as formas como tirania e a tal da democracia atuais.

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