quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

conversas com woody allen

No início dos anos 1990 li uma bela biografia de Woody Allen, editada pela Companhia das Letras, escrita pelo jornalista americano Eric Lax, colaborador contumaz de revistas como Esquire, Vanity Fair e The New York Times Magazine. Nela ele resumia em quase quatrocentas páginas as muitas entrevistas e encontros que manteve com Woody Allen desde 1971 até mais ou menos a época do lançamento do filme Crime e Pecados. Muito bom mesmo, leitura obrigatória para os entusiastas da obra de Woody Allen. Lax é um sujeito de sorte. Foi convidado por acaso para fazer uma matéria com o diretor (Allen tinha 35 anos na primeira entrevista) e continuou frequentando os sets de filmagens de seu biografado por anos a fio. Um privilégio dos grandes. O incrível é que depois desta primeira biografia ele manteve contato com Allen e conseguiu produzir um outro livro que eu acho ainda melhor. Não porque uma nova biografia contem necessariamente mais informação ou acumulou mais tempo de vida, mas pela forma com que ele organizou o material. Eric Lax neste "Conversas com Woody Allen" distribuiu por temas específicos cerca de 35 anos destas conversas com Woody Allen. O livro ficou tão bom que um roteirista pode ler sem medo só a seção dedicada a este ítem; da mesma forma que podem fazê-lo um editor, um diretor, um produtor, um cenógrafo ou um diretor de fotografia. Como ele se envolve intensamente de fato em todas as fases de produção de um filme e os produz de forma quase industrial (já são 39 longas-metragens em 42 anos de carreira) suas opiniões são muito justificadas e experimentadas. Eu diria que este livro funciona como um "manual de cineasta". A edição da Cosac como sempre é um primor, muito bem cuidada. A iconografia é enorme, são dezenas de imagens de quase todos os filmes dele. O índice remissivo ajuda o leitor a se localizar em todos os temas nos quais o livro é dividido e aproveitar melhor as reflexões e o bom humor de Allen. Este livro cobre os filmes até "Scoop" (de 2006, bem discutido e analisado) e "O sonho de Cassandra" (de 2007, este só superficialmente citado, pois estava em pós-produção). Espero que em uma futura versão ele conte um tanto do belo "Vicky Cristina Barcelona" que vi noutro dia mesmo. [início 18/12/2008 - fim 28/12/2008]
"Conversas com Woody Allen", Eric Lax, tradução de José Rubens Siqueira, editora Cosac Naify (1a. edição) 2008, capa dura 17x22, 512 págs. ISBN: 978-85-7503-740-9

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