Diomar Konrad é um jornalista que eu gosto de ler. Ele costuma dizer que gosta de provocar, de incomodar, de tirar os amigos e inimigos do sério. E ele também gosta de não ser levado muito a sério. Nas suas crônicas a ironia é mais que uma figura de linguagem ou retórica, mas sim a própria razão de ser do texto. Mas Diomar não é escravo de um estilo só. Ele sabe ser convincente e bom de se ler mesmo nos textos menos irônicos (o que talvez seja um bom exemplo de excelência invulgar). Atualmente ele escreve crônicas para um jornal da cidade. São crônicas curtas, ocupam um terço de uma página tamanho tablóide, e que precisam ser mesmo concisas, mas boas o suficiente para já ganhar a atenção do leitor no primeiro parágrafo. Neste "Cotidiano crônico" ele selecionou pouco menos de quarenta delas produzidas nos últimos seis, sete anos. Algumas sobrevivem melhor no formato livro do que outras, que perdem um tanto do frescor que tinham quando as encontramos no jornal pela primeira vez. O livro se defende sozinho, garante boa diversão e bom material para reflexão. Gosto particularmente das crônicas onde ele mostra as contradições e as bizarrices no amor e no sexo, bem como naquelas onde ele faz resenhas críticas dos maus hábitos e auto-enganos das pessoas. O livro é uma produção quase artesanal dele mesmo, por conta disto o resultado é um tanto irregular. Talvez o livro faça por merecer o olhar e o acolhimento de um editor generoso. É dura esta vida de cronista! Parabéns Diomar, mas não vou deixar de registrar aqui que eu mesmo prefiro algo mais forte, algo como um bom e definitivo sarcasmo (pois o atual quadro político, social e econômico do Brasil é para mim medíocre demais, vulgar demais, estúpido demais, para que apenas a ironia nos conforte). [início 02/05/2009 - fim 05/05/2009]
"Cotidiano crônico", Diomar Konrad, editora Manuzio (1a. edição) 2009, brochura 14,5x21, 120 págs. sem ISBN
Nenhum comentário:
Postar um comentário