"Travesía del horizonte" é o segundo romance escrito e publicado por Javier Marías. Curioso este madrilleño. No romance de estréia ele ambienta suas histórias nos estados unidos. Neste ele emula e/ou faz homenagem as histórias de navegação e aventuras, misturando também algo de histórias de detetive, de fantasmas e de suspense. Há um humor sutil em todo o livro, como se ele estivesse se divertindo com a posível recepção que o leitor tem dos seus escritos. O início da história nos remete a um manuscrito incompleto, de que só se tem uma cópia, que por sua vez foi transcrita e/ou ouvida por um personagem obscuro (intricado mas aceitável). Durante toda a trama do livro estamos basicamente no salão de festas de um arisocrata inglês do final do século XIX, mas o que se conta (se lê no livro) são as aventuras decorrentes de uma expedição organizada para alcançar o polo norte, mas que acontece só em sua parte inicial (uma longa e penosa travessia do mar mediterrâneo). A expedição tem algo de singular, pois além de pesquisadores, cientistas e aventureiros há no navio homens de letras, cantores, dramaturgos, pintores e outros artistas. O clima mágico e surpreendente da viagem lembra um tanto o "E la nave va", de Felini. O organizador da expedição tem um passado condenável que vamos aos poucos desvendando. Bem ao estilo de um Henry James ou de um Joseph Conrad ele usa um truque no final para dar fechamento verossímel a história toda. Divertido este pequeno livro. Se não é exatamente um livro fundamental, ao menos serve para que um eventual leitor acompanhe a maestria do jovem Marías, pois é mesmo incrível como este sujeito consegue inventar boas histórias. [início 11/05/2009 - fim 12/05/2009]
"Travesía del horizonte", Javier Marías, editorial Punto de lectura (1a. edição) 2001 brochura 11x17, 283 págs. ISBN: 84-663-0310-3
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