sábado, 24 de outubro de 2009

lluvia roja

Cees Nooteboom é o tipo de sujeito que não me canso de recomendar. "Lluvia roja" foi publicado originalmente em 2007. Esta tradução espanhola que li foi publicada agora há pouco e está fresca como pão quente. A edição, muito bem cuidada, é de junho de 2009. Nooteboom colige três grupos de artigos curtos. São fragmentos de memórias, de experiências e fatos acontecidos com ele nos últimos quarenta, cinquenta anos, mas como bom ficcionista que é inclui textos algo mais inventivos, como em uma sinfonia: um prólogo, dois intermezzos e uma coda, muito boa mesmo, maravilhosa. Há também um poema, que fecha o livro e parece indicar um caminho para o leitor. Que sujeito! Boa parte dos textos falam de suas temporadas de verão em Menorca, a menor das ilhas Baleares espanholas. Ele descreve sua inserção em um canto afastado da ilha, como conheceu e fez amizades com os moradores, como aprendeu a respeitar o ritmo e as transformações do lugar. Ao mesmo tempo ele fala de suas viagens pelo mundo, da aventura de conhecer línguas novas e modos de pensar diferentes; fala também de seus companheiros de viagens e de trabalho, de sua admiração pelo teatro, pela culinária e a botânica; fala de suas leituras e dos escritores que o influenciaram; dos leitores que encontra e com quem conversa; da memória das coisas e das pessoas. Acho incrível como ele encontra poesia em assuntos tão distintos, por vezes tão áridos. Nooteboom descreve o ato de viajar sem glamurizá-lo, com sabedoria ele ensina ao leitor que o desejo de experimentar este estilo de vida, de ser nômade, deve respeitar nossa bússola interior, que afinal é a única que importa e é confiável. Quem tiver a sorte de viajar com este errante Nooteboom terá experiências incríveis. [início 20/09/2009 - fim 25/09/2009]
"Lluvia roja", Cees Nooteboom, tradução de Isabel-Clara Lorda Vidal, Ediciones Siruela - debolsillo (1a. edição) 2009, brochura 14x21,5, 205 págs., ISBN: 978-84-9841-258-1

2 comentários:

  1. Acho que só vou acabar lendo os livros desse cara quando eu estiver aí! hehehe

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  2. Caríssimo Aguinaldo, é sempre um prazer conversar contigo nas poucas vezes em que nos encontramos. Hj te aluguei com o meu tão estimado Roth. Li teus teus textos sobre ele até o Patrimônio, como te disse, o meu preferido por razões que ultrapassam a literatura tão somente. Ele tem um livro chamado O professor do Desejo, no original Ghost Writter, que é muito esclarecedor e estimulante ler juntamente com o Fantasma sai de Cena, Ghost Exit no original. No más agradeço pela presença sempre agradável e o papo de altíssima qualidade! Abraço!

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