Quem me falou deste livro foi sua tradutora, Lara Christina, num dia em que éramos os felizes convidados de Heloísa e Samuel (o prato principal era um legítimo Cioppino, que Heloísa, capitã de longo curso na cozinha, ficou feliz em compartilhar conosco). Ainda em São Paulo encontrei o livro (uma bela produção da editora 34), mas só recentemente consegui alguma calma para lê-lo (é certo que há livros que não se deixam ler quando estamos doentes, tensos ou mesmo mal humorados). O livro é um belo volume, com ilustrações belíssimas de um sujeito chamado André François (um romeno que morreu há pouco mais que cinco anos). É um livro muito divertido, que talvez um sujeito adulto e que já tenha passado por alguns aborrecimentos goste mais que um jovem, mesmo aqueles com ainda alguma capacidade de ilusão. Digo isto pois o livro é uma ode à liberdade e talvez uma pessoa que valorize a liberdade e outras virtudes possa entender mais o seu valor. Pais e filhos que eventualmente leiam este livro juntos vão ter momentos de raro prazer. O texto conta a história de como os habitantes de uma ilha são temporariamente ameaçados pela cobiça daqueles que vivem no continente (hipócritas, falsos, inconstantes, traidores, agressivos, cruéis), mas que conseguem (mais em função do acaso que de algum planejamento) voltar à alegria, à felicidade, à seus afazeres, sua rotina. Eu, que li livros terríveis recentemente, livros que falam das desgraças de países que foram colonizados da forma mais perversa possível (Haiti, República Dominicana, Angola, México), amenizei um tanto minha bile, desfrutei dos jogos verbais, do humor, da cadência e da alegria de um texto que encanta do começo ao fim. Jacques Prévert foi um grande poeta francês (morreu há quase 35 anos já) e este é de seus raros livros em prosa. Gostaria de encontrar algo de sua poesia um dia destes. Nada como uma boa dica recebida em um dia adorável para fazer à alma um grande bem. [início 01/03/2010 - fim 29/03/2010]
"Cartas das ilhas andarilhas", Jacques Prévert, ilustrações e desenhos de André François, tradução de Lara Christina de Malimpensa, editora 34, 1a. edição (2008), brochura 22,5x15,5 cm, 64 págs. ISBN: 978-85-7326-402-9
Olá, Aguinaldo! Hoje entrei no seu blog e vi, para minha surpresa, o comentário sobre o livrinho do Prévert. É uma alegria e tanto saber que o leve sopro de seu lirismo teve força para varrer as teias de alguns pensamentos sombrios... Será esse um presente do Quatro-mãos-à-obra para você?
ResponderExcluirUm abraço, da Lara.
Lara querida, bom ter notícias tuas. Pois foi mesmo um grande presente. Um bom livro sempre faz à alma um grande bem.
ResponderExcluirvamos manter contato.
Aguinaldo.
Ola Aguinaldo,
ResponderExcluirTambém li esse livro e tive a mesma vontade, postar um comentário no meu blog. Aí, antes, decidi buscar outros comentários já feitos e encontrei o seu, gostei muito. Vc comentou que gostaria de ler outras coisas do Prévert, a ed. CosacNaify tem duas opções "Contos para crianças impossíveis" e "Dia de folga" (que é de poesia).
Abraços,
Amanda Miorim