terça-feira, 24 de agosto de 2010

el desvío a santiago

"Y es físico, un año sin el vacío de este país, sin los colores de la tierra y las rocas, es un año perdido". Lembro-me de quando li esta frase pela primeira vez. Com ela Cees Nooteboom havia me conquistado definitivamente. Então era isto o que eu sentia e não sabia verbalizar. Resolvi voltar aos desvios que ele descreve, voltar as ruínas e aos monastérios, as pinturas e claustros, as igrejas e aos paradores, desvios que postergam o encontro do leitor com a cidade de Santiago de Compostela, cidade que só vislumbramos brevemente no ensaio final do livro, pois é disto que ele trata, do que há ao se perder ao tentar chegar a Santiago. E resolvi voltar a estes desvios nestas férias espanholas, pois se 2010 é um ano xacobeo (como dizem os gallegos) ao menos através de um livro eu também serei um caminhante (o próximo xacobeo só acontece em 2021, sabe-se lá como estará minha carcaça daqui a onze anos). Estes vinte e cinco ensaios falam de experiências (e de obsessões) muito particulares, mas que encantam o leitor. É mesmo um livro poderoso. Gostaríamos de estar ao lado de Nooteboom, compartir sua experiência, partilhar seus quase 50 anos de viagens pela Espanha. Como em toda releitura encontrei outros matizes, aprendi coisas novas, atentei mais as descrições geográficas e aos detalhes arquitetônicos, do românico principalmente. Apreciei melhor sua ironia, a forma como ele transita da política a literatura, da história as artes. Suas reflexões me pareceram mais originais, me encantaram de uma forma diferente desta vez. Esta edição tem as mesmas fotografias que a edição brasileira (são de Simone Sassen, fotógrafa que é parceira em muitos dos projetos de Nooteboom). Como Nooteboom lembra em uma passagem, o tempo sabe ser uma espécie de artista. Assim o tempo, este breve tempo entre estas duas leituras, fez com que este livro se tornasse realmente novo para mim. Cousa boa. [início 20/07/2010 - fim 24/08/2010]
"El desvío a Santiago", Cees Nooteboom, tradução de Julio Grande, ediciones Siruela (Debolsillo), 1a. edição (2007), brochura 12,5x19 cm, 446 págs. ISBN: 978-84-8346-461-8

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