Encontrei "Cahorro velho", de Teresa Cárdenas, por acaso, em um dos balaios da Feira do livro de Santa Maria. É uma história curta, que ganhou um dos prêmios Casa de las Américas de literatura infanto-juvenil de 2005. Lê-se o livro em um bom par de horas, sem atropelos. Teresa Cárdenas conta uma história sobre a escravidão em seu país, Cuba. O protagonista da história é um escravo conhecido por "Cachorro velho". Através dele Cárdenas faz uma espécie de censo das misérias e horrores impingidos aos escravos. São pequenas histórias, quase causos independentes, enfeixados em uma narrativa curta e linear. O leitor não tem dificuldade em imaginar os desfechos possíveis. "Cachorro velho" mal lembra da mãe; convive sobretudo com outros velhos como ele; lamenta um grande amigo de infância morto por um capataz; imagina o destino das crianças e jovens da fazenda; cumpre suas tarefas por inércia, quase lamentando nas as fazer com mais apuro e eficiência (a lógica da escravidão confunde um sujeito). Ele é incapaz de imaginar um mundo diferente ao qual está submetido. A contragosto (e por acaso) se envolve em um plano de fuga. Um sujeito precisa ter emparedado seu coração para não ficar de mau humor ao terminar o livro, principalmente quando lembra que Cuba é hoje apenas uma grande feitoria de escravos de outros senhores, escravos mentais de um regime tirânico, brutal e sanguinário. Não há mesmo razões para se ter algum otimismo com a espécie humana. [início 16/05/2012 - fim 17/05/2012]
"Cachorro velho", Teresa Cárdenas, tradução de Joana Angélica D'Avila Melo, Rio de Janeiro, editora Pallas, 1a.
edição (2010), brochura 13x18 cm, 142 págs. ISBN: 978-85-347-0459-5 [edição original: Perro viejo (La Habana, Cuba: Casa de las Américas) 2005]
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