sexta-feira, 21 de junho de 2013

poemóbiles

São doze objetos-poemas ou poemas-objetos, ditos Poemóbiles. O leitor, ao abrir algo açodado a caixa que os enfeixa, como quem está prestes a descobrir um tesouro, imediatamente começa a brincar com as folhas de papel que, superpostas, dobradas e recortadas, grafadas com tipografia e cores distintas a cada prancha, iniciam com ele um diálogo mágico e curioso. Trata-se de uma obra produzida por dois sujeitos: o multitalentoso poeta Augusto de Campos (que assina os textos, as palavras) e o artista plástico multitalentoso Júlio Plaza (que assina os iconogramas, os objetos). Júlio Plaza nasceu em Madrid, mas escolheu o Brasil para trabalhar, criar e viver. Seus primeiros objetos, onde a técnica utilizada nos Poemóbiles é utilizada, foram produzidos em 1968. Em 1974 surgiu a colaboração com o poeta Augusto de Campos, paulista e paulistano, e deste trabalho conjunto surgiu a primeira edição da caixa com 12 Poemóbiles, que são quase esculturas feitas de papel. Os industriosos editores da Annablume e os não menos industriosos criadores do selo Demônio Negro, através do poeta Wanderley Mendonça, recentemente ofereceram, generosamente e quase quarenta anos depois, uma nova edição deles. Que experiência boa. Cada vez que abro a caixa e os encontro: "Abre", "Open", "Cable", "Change", "Entre", "Impossível", "Luzcor", "Luxo", "Reflete", "Rever", "VivaVaia" e "Voo", descubro algo novo. Cada um deles oferece um jogo, um diálogo, um salto, um assombro. Há vezes em que mostro a caixa para os amigos, com ao Juca noutro dia, que logo começou a tentar entender os cortes, as dobras e a colagem, e a imaginar uma aplicação deles em sua área de trabalho. No início desta semana, após os sucessos do Bloomsday, que comemorei no domingo, lembrei de uma efeméride funesta, os 10 anos da morte de Júlio Plaza, morto em um 17 de junho (logo após um Bloomsday). Resolvi brincar com aquelas folhas novamente e a festa para os sentidos foi garantida. Que beleza! Evoé Júlio Plaza, evoé!
[início - fim: 17/06/2013]
"Poemóbiles", Augusto de Campos e Júlio Plaza, São Paulo: editora Annablume (coleção Demônio Negro), 3a. edição (2010), caixa 19x21 cm., 12 pranchas, ISBN: 978-85-6319804-4 [edição original: Poemóbiles (São Paulo: edição dos autores) 1974]

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