Comecei a ler este belo livro no início da festival das luzes deste ano, na Chanuká, no final de novembro. Segui a leitura, com suas histórias e receitas por dias a fio, mas não consegui terminar no 05 de novembro, quando os derradeiros braços das Chanukiás mundo afora foram acesas, por conta da correria típica deste mês onde os dias terminam, mas as aulas não. São vinte e uma histórias de vinte e uma famílias judaicas que de alguma forma tiveram como cozinheiras vinte e uma mulheres oriundas de famílias simples e não judaicas, mas que se tornaram senhoras das tradições culinárias e até religiosas das famílias que as receberam. São histórias cheias de sentimento, de emoção, onde as "Marias" (como os autores preferem chamar estas cozinheiras - que é como prefiro chamá-las para tornar um tanto mais precisa a descrição) dão relatos de como e de quem receberam os ensinamentos das receitas utilizadas em cada festa religiosa dos anos judaicos e de como estes ensinamentos se incorporaram na vida de cada uma delas. O projeto foi idealizado por Léo Steinbruch e a coordenação dele foi capitaneada por Viviane Lessa. A idéia de Steinbruch é interessante pois ao mesmo tempo em que conta a historia de algumas famílias judaicas que emigraram para o Brasil (e os vinte e um registros percorrem vários estados brasileiros, notadamente São Paulo, Bahia, Pará e Minas Gerais) dá conta também das origens e histórias das cozinheiras e de suas famílias, narrativas incríveis elas mesmas. Trata-se de qualquer forma de um livro de imagens (as fotografias são belíssimas), e sobretudo de um livro de receitas. Os pratos que tipicamente são produzidos nas festas religiosas judaicas (Yom Kippur, Pessach, Shabat, Rosh Hashaná, Chanuká, Sukoth, Shavuoth, Purim, dentre outras) são descritos pelas cozinheiras, da forma como aprenderam e/ou adaptaram a partir dos ensinamentos das avós, mães e irmãs das pessoas que as empregaram. Os nomes dos pratos e a forma de prepará-los, a diferença entre as tradições Ashkenaze e Sepharade, sobretudo na culinária, são discutidos com bom humor no livro, já que é impossível elas concordarem sobre quem faz mesmo o melhor "gefilte fish", "cholent", "kugel", "borsche". "Cozinha judaica de Maria" é um livro para ler com calma, para folhear em dias vagabundos, experimentar na cozinha, apreciar plenamente, como quem recebe um presente (de pessoas que não conhece, mas que fazem a cada um de nós um grande bem). Mazel tov! ["B'hatzlacha" (בהצלחה)]
[início: 27.11.2013 - fim: 24.12.2013]
"Cozinha judaica de Maria", Viviane Lessa e Léo Steinbruch, imagens de Chris Ceneviva, São Paulo: Alaúde editorial, 2a. edição (2012), capa-dura 31x22 cm., 248 págs., ISBN: 978-85-7881-123-5
Passei pra desejar um Ano Novo de alegrias e boas leituras, sempre. Agora moro em Vila Velha, mas espero ficar sempre em trânsito pelas cidades que curto.
ResponderExcluirUm abraço pra você e sua famíla,
clara
Aguinaldo, você é o blogueiro mais classudo que eu conheço, de uma gentileza enorme. Merci por deixar recado no linha, adorei o 'cousa' tão machadiano, abraço em seus pais e um ótimo Ano Novo - de novo! :))
ResponderExcluirclara