segunda-feira, 6 de julho de 2015

o pintor de batalhas

Estava a ler esse "O pintor de batalhas" quando recebi "Hombres Buenos", o livro mais recente de Arturo Pérez-Reverte. Interrompi a leitura, troquei o antigo pelo novo (que já foi resenhado aqui) e depois acabei terminando outros volumes que a exemplo desse já se empilhavam pelas estantes. Não é o mais robusto Pérez-Reverte que já li. A história é interessante, o sujeito sabe convencer o leitor que aplicou-se nas pesquisas factuais e técnicas que antecedem a escritura do livro, há boas discussões sobre ética e moral, arte e ciência, mas falta algo nele que empolgue de fato o leitor. De certa forma "O pintor de batalhas" é um acerto de contas de Pérez-Reverte com seu passado de correspondente de guerras (atividade que ele exerceu por mais de vinte anos, tendo feito reportagens de boa parte das guerras que aconteceram na última quarta parte do século XX: Líbano, Malvinas, Angola, El Salvador, Moçambique, Sudão, Golfo Pérsico e Balcãs). Na trama, Faulques, um sujeito que atuou como fotógrafo de guerras é apresentado como o "pintor de batalhas". Ele vive solitário num farol abandonado da costa da Andalucía espanhola. O povo do vilarejo e os eventuais turistas sabem que ele está a produzir um grande mural nas paredes internas do farol. Logo no início do livro um crota chamado Ivo Markovic apresenta-se a Faulques e afirma que está ali para matá-lo. A narrativa alterna registros da história de cada um. Faulques conta suas aventuras pelo mundo das guerras, sua paixão por uma colega jornalista, sua obsessão pela pintura e pela ciência, seus passeios por cidades e museus italianos. Markovic oferece detalhes de sua tragédia pessoal, a ruína de sua família, cidade e país durante a guerra que fragmentou a antiga Iugoslávia, parece tentar entender a psicologia de Faulques e os motivos que o fizeram aposentar-se da fotografia e das guerras e também os porquês dele dedicar-se a pintura daquele mural. Desde o início do livro sabemos que Markovic entende que uma fotografia tirada por Faulques como que roubou-lhe o futuro. Faulques é ambíguo ao lamentar a perda da mulher que amava. Longas conversas sobre questões morais e sobre as técnicas da pintura e da fotografia se alternam. O leitor antecipa o final do livro e as razões que justificariam o comportamento dos antagonistas. É pouco. Talvez seja hora de parar de ler Pérez-Reverte por uns tempos e dedicar-se a outros autores. Vale.
[início: 05/05/2015 - fim: 03/07/2015]
"O pintor de batalhas", Arturo Pérez-Reverte, tradução de Sérgio Molina, São Paulo: editora Schwarcz (Companhia das Letras), 1a. edição (2008), brochura 14x21 cm., 250 págs., ISBN: 978-85-359-1325-5 [edição original: El pintor de batallas (Barcelona: Alfaguara / Random House LCC) 2006]

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