"El suplicio de las moscas",
volume de aforismos, anotações e reflexões de Elias Canetti, corresponde ao
período que vai de 1986 a 1992. Livros deste tipo dele são sempre bons. Já
registrei aqui "La provincia del
hombre"
(que reúne anotações do período que vai de 1942 a 1972), "Festa sobre as bombas" (publicado postumamente, correspondendo a
todo o período em que ele viveu na Inglaterra e na Suiça) e "Sobre a morte" (reflexões específicas sobre a morte,
escritas entre 1942 e 1993). Há um outro livro deste gênero, "O coração
secreto do relógio", que cobre o período de 1973 a 1985, que li há
décadas e resta perdido em meus guardados. "El suplicio de las moscas"
está dividido em nove conjuntos. Canetti fala do homo sapiens (suas
virtudes, defeitos, caráter vocação para a destruição e o sublime), de autores
que aprecia (Kafka, Brückner, Swift, Blake, Pascal, Babel), falta do tempo e
dos deuses, da morte, das línguas e da amizade, do medo, do judaísmo, mitologia
e velhice, da capacidade de amar. Há várias anotações longas, onde Canetti
sintetiza o que pensa sobre tragédias gregas (Sófocles, sobretudo: As Traquínias,
Electra, Filoctetes, Édipo Rei, Édipo em Colono, Antígona). As anotações têm
algo de enigmático, podem ser entendidas como definições incontroversas sobre
um assunto, ou apenas como provocações, temas para discussão, que talvez merecessem
posteriormente ser melhor entendidos, por ele mesmo. Não podendo citar todas
anotações, deixo aqui quatro delas: “É inteligente como um jornal. Sabe tudo.
Mas o que sabe muda todos os dias”; “Há quem sirva à riqueza e há quem
sirva à fama. Nenhum dos dois é inocente, pois esperam despojos”; “Frequentemente
pessoas ficam gravemente doentes para converterem-se em outras, e, decepcionados,
curam-se”; “Tudo soa convincente quando se sabe pouco”. ÔBeleza. Sempre
grande é o Canetti. Vamos em frente. Vale!
Registro #1576 (aforismos #11)
[início: 03/08/2020 - fim: 17/09/2020]
"El suplicio de las moscas", Elías
Canetti, tradução de Cristina García Ohlrich, Madrid: Anaya & Mario Muchnik (Grupo Anaya), 1a. edição (1994), brochura 13x20
cm, 155 págs., ISBN: 978-84-7979-072-5 [edição original: Die Fliegenpein
(München: Deutscher Taschenbuch Verlag) 1992]
Excelente teu blog!
ResponderExcluirValeu
ResponderExcluirGrato pela gentileza.
Abraço
AMediciSeverino