Perdi o lançamento deste livro de contos de Vitor Biasoli mas consegui uma dedicatória menos de uma semana depois, em nosso já tradicional encontro das quintas-feiras. A edição é da Movimento, bem cuidada, com apresentação e guardas escritas por amigos que são também leitores atentos. Os doze contos são curtos, acredito que escritos já há um certo tempo e burilados agora, com a mão de um autor já senhor de seu ofício. Os temas e o tratamento remetem o leitor a questões que eram caras a nós brasileiros nos anos 1970: a repressão política; as várias liberdades possíveis (política, artística, sexual); os conflitos entre pais e filhos. Há nostalgia nos contos mas o tratamento é sempre forte. Porto Alegre aparece explicitamente em um dos contos, mas é uma Porto Alegre triste e velha, provocando um amargor que ao menos para mim não é uma coisa ruim de se ter ao revirarmos estes baús e memórias. Em um ou outro (vigília; caminho sem volta; uísque sem gelo) o desfecho soa um tanto artificial e forçado, mas todos eles têm personagens fortes que ficam povoando nossa vida um tanto ao longo do tempo da leitura. Fico a pensar se o Vitor não guardou algum destes contos para ver se eles evoluiriam para um romance de aprendizado ou de formação. Esta é uma teoria boba na verdade. Basta o Vitor um dia me dizer que os contos foram todos escritos agora, novinhos como pão fresco, que eu perco a teoria e a razão. Mas que eu acho isto, lá isto eu acho. Belo livro.Uísque sem Gelo, Vitor Biasoli, editora Movimento, 1a. edição (2007) ISBN: 978-85-7195-110-5







