sábado, 5 de fevereiro de 2011

tres historias de amor

Este é o último volume da série Carvalho que restou-me ler. Veio de Madrid, pela Iberlibros. Que facilidade tudo isto! Demorei para começá-lo, pois queria ainda ter por mais tempo a ilusão de um futuro com vários livros de Manuel Vázquez Montalbán, com várias aventuras de Pepe Carvalho ainda tentadoras no horizonte. "Tres historias de amor" reune três contos curtos onde o amor se apresenta em registros diferentes. "Las cenizas de Laura" é a história da investigação sobre a morte de um amor fugaz do passado de Carvalho. Apesar de breve a ligação entre eles foi intensa. Descobrir quem a matou é uma questão pessoal e algo dolorosa. O amor é sempre primo da morte. "De lo que pudo haver sido y no fue" conta um caso mais sórdido. Um velho e caractural roqueiro morre. Carvalho deve pesquisar o passado deste sujeito, se envolver com seus amigos e inimigos envelhecidos, sua trajetória musical errática e as circunstâncias de seus últimos dias, antes de descobrir quem mais ganharia com sua morte. Às vezes a morte aparece como um quase favor para o pobre diabo que lamenta a vida que tem, alguém que quase sorri ao encontrá-la. "La muchacha que no sabía decir no" é um jogo de espelhos, que lembra algo "The lady of Shanghai", do Orson Welles". Carvalho é o álibi de um assassinato. Esta incômoda situação pode fazer com que ele perca sua licença de trabalho. De alguma maneira ele se apaixona pela mulher envolvida no assassinato (sempre devemos ser mais gratos as mulheres más que àquelas que apenas nos proporcionam felicidade - mas esta é outra história). Reencontramos Biscuter e seus deliciosos truques culinários; Charo e sua voluptuosa presença; Fuster e seu bom senso catalão; Contreras e suas manias de policial; Bromuro e sua discreta arte nas Ramblas catalanas. Carvalho está cínico e irônico como sempre nestas três historias de amor que o são também de desamor, histórias de desenlaces ambíguos, mas que convencem o leitor. Sou um sujeito diferente daquele que se surpreendeu pela primeira vez, quatro ou cinco anos atrás, com a prosa vigorosa de Vázquez Montalbán. Não é exatamente pena o que sinto. Mas há algo de pena por já ter percorrido todos estes vinte e tantos volumes. Talvez o certo seja deixar o tempo e o Alzheimer fazer-me esquecê-lo completamente e eventualmente tentar recomeçar. Ya veremos. [início 17/01/2011 - fim 19/01/2011]
"Tres historias de amor", Manuel Vázquez Montalbán, Barcelona: editorial Planeta, 1a. edição (1987), brochura 12,5x20 cm, 167 págs. ISBN: 84-320-6921-3

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