sábado, 5 de maio de 2012

o inocente

Inspirado em um fato verídico da guerra fria, em "O inocente" Ian McEwan apresenta ao leitor uma experiência limite, uma leitura daqueles momentos da vida onde todos os envolvidos se redefinem, se descobrem. Dez anos após ofinal da segunda grande guerra, um jovem espião, especialista em telecomunicações, é enviado a Berlin. Ele participa do projeto de construção de um túnel de interceptação de uma importante linha de transmissão telefônica das tropas de ocupação soviética. Esta operação envolve muitos recursos financeiros e logísticos, numa colaboração entre os serviços secretos ingleses e americanos. A operação realmente aconteceu (foi conhecida como Operação Ouro) e antecede a construção do muro de Berlin, que é de 1961, mas o que McEwan explora (metaforicamente) é a reconstrução alemã, e a progressiva aproximação de americanos, ingleses e alemães, à luz do envolvimento afetivo de Leonard (o jovem engenheiro inglês) com uma jovem alemã, Maria. McEwan constrasta o comportamento de Leonard com o de um espião americano, responsável pela segurança do projeto, Bob Glass. Berlin ainda é uma cidade de escombros e vergonha; as relações entre os indivíduos sempre tensas e artificiais; a comunicação, engessada pela memória dos anos terríveis da grande guerra, inviável e codificada. Como sempre nos livros de McEwan não há enfeites ou concessões, seus personagens são vívidos, experimentando com naturalidade as delícias do sexo e as agruras da dor. Não é o melhor McEwan que já li, mas ainda assim é um bom livro. [início 01/05/2012 - fim 04/05/2012]
"O inocente", Ian McEwan, tradução de Claudia Martinelli Gama, Rio de Janeiro: editora Rocco, 1a. edição (1992), brochura 14x21 cm, 258 págs. ISBN: 85-325-0122-2 [edição original: The innocent (Londres: Jonathan Cape) 1990]

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