Publicada em 1987, esta pequena edição de contos de John Cheever é muito boa. A seleção deles foi feita por Sérgio Augusto e a tradução por Paulo Henriques Britto. São treze histórias, que originalmente sairam em revistas e jornais, entre 1947 e 1973. Quase todas elas envolvem pessoas da classe média americana, na periferia de grandes cidades, com suas excentricidades ou inaptidão às circunstâncias de suas vidas. Cheever conta (antes ironiza) as pequenas misérias delas e explora quase sempre algum preconceito, problemas de relacionamento, o limiar terrível da depressão, crise ou loucura. Nas histórias ele nunca é redundante, repetitivo, pois ao longo da narrativa, como numa espécie de labirinto, progressivamente acrescenta elementos, ora similares, ora contrastantes, que tornam seus contos realmente especiais. Ele explora também alguma fantasia, que pode sim ser associada a transtornos psicológicos ou outras patologias, mas que funciona como invenção do mundo especial onde habitam seus personagens. Gostei particularmente de "O nadador", "Balada triste", "A quimera" e "Percy". Os demais também são interessantes, só não gostei de "Miscelânia de personagens que não vão aparecer", "Uma visão do mundo" e "O Natal é triste para os pobres". O conto que dá nome ao livro, "O mundo das maçãs", fala de um velho poeta americano radicado na Itália. Apesar do deslocamento geográfico são suas memórias da vida nos Estados Unidos que assombram o livro. Há neste conto uma associação entre a poesia (e a arte em geral) com a auto-destruição, que é bem interessante. Vou procurar mais histórias deste sujeito. [início 26/04/2012 - fim 30/04/2012]
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