Aborrecido por três vezes ter inutilmente tentado ver a exposição de pinturas de Caravaggio no MASP, durante minha última excursão paulista, resolvi procurar algo sobre ele para ler. Apesar de encomendada naqueles dias de férias paulistas a biografia do artista, assinada por Roberto Longhi, demorou demais para chegar. Mas acabei lembrando deste pequeno livro "El color del sol", de Andrea Camilleri e resolvi procurá-lo em meus guardados. Camilleri é conhecido por seus romances policiais, sua série de livros com o comissário Montalbano,
mas tem muitos outros romances, poemas e dramas publicados. "El color del sol" é um deles. Trata-se de uma pequena biografia dos últimos anos de Caravaggio (que de resto morreu muito jovem, com 38 anos) e foi produzida por encomenda, para ser incluída no catálogo de uma grande exposição realizada em Düsseldorf, em 2006. Camilleri narra uma história onde pretensamente ele mesmo, o sujeito chamado Camilleri, escritor italiano nascido no século XX, tem acesso a notas autobiográficas de Caravaggio produzidas em seus anos de exílio em Malta e na Sicília (entre 1607 e 1608, poucos anos antes de sua morte). Estas notas dão conta de seus problemas com a Igreja e outros inimigos, seus relacionamentos amorosos, suas bebedeiras e uma fuga mirabolante da prisão. Simultaneamente as notas descrevem também a inspiração de algumas das obras dele produzidas neste período. Doze delas estão incluídas no livro, em belas reproduções coloridas. Lê-se "El color del sol" em um par de horas. Camilleri alterna a transcrição das notas e suas reflexões sobre as motivações do artista. Uma nota da tradutora do livro para o castelhano dá conta que o livro foi escrito originalmente emulando um "patois" do italiano corrente no século XVII, mas que esta característica não foi seguida em sua tradução. Não é o tipo de livro que um sujeito que mal conheça a obra de Caravaggio possa aproveitar muito. Talvez seja o caso de ler a biografia escrita pelo Roberto Longui, talvez seja o caso de enfrentar de uma vez por todas aquelas filas intermináveis do MASP, talvez seja o caso de viajar e procurar suas pinturas, mundo afora. A ver.
[início - fim 30/08/2012]
Aguinaldo:
ResponderExcluirExcelente seu Blog. Parabéns.
Um abraço
Jorge David - UFBA