No último sábado encontrei os Koff (Rogério e Rafael) e uma das Fleig (a Lúcia) num almoço divertido (e recheado de surpresas). Do Rafael já havia lido "Jesus", uma divertida história em quadrinhos que não é nada lisonjeira com o personagem bíblico. "Jesus" é antigo, de 2009 e demonstra (ainda mais veementemente agora, após o massacre dos cartunistas do jornal satírico francês Charlie Hebdo) que o livre e completo humor sempre será uma das ferramentas mais eficazes no processo de libertar qualquer tipo de sujeito crente ou obcecado da escravidão mental em que se encontra. Seus livros independentes de humor - que podem ser adquiridos através do site Wix - foram originalmente produzidos através de "crowdfunding", ou seja, financiamento coletivo. "Dúvidas cruéis de um idiota" é de 2014 e muito menos provocador que "Jesus", mas tem lá sua boa cota de sarcasmo e escatologia. Trata-se de noventa e um cartuns e aforismos bem humorados, que apostam sempre no estranhamento provocado por uma premissa bizarra e ilógica (como por exemplo: "Vampiros não precisariam fazer o teste de HIV em suas possíveis vítimas?", "Se eu tenho filhos gêmeos posso carregar a foto de só um deles na carteira", "Se um cachorro policial não recolhe seu próprio cocô da rua ele deve se aplicar uma multa?" ou "Os porcos se sentem mal quando precisam tirar dinheiro do cofrinho?". As ilustrações reforçam o humor do aforismo e a maluquice das dúvidas e/ou questionamentos. Ainda acho que ele deveria investir num ISBN para enfrentar a guerra sem quartel do mercado literário brasileiro, mas ele argumenta que "as vendas diretas estão indo muito bem, obrigado". Haverá mais livrinhos do Koff por aqui. Vale.
[início - fim: 15/12/2014]
"Dúvidas cruéis de um idiota", Rafael Koff, editora Manuzio, 1a. edição (2014), brochura 21x15 cm., 98 págs., sem ISBN