quarta-feira, 2 de setembro de 2015

outro

Há nem trinta dias estava eu "drowning in honey, stingless", lá na Casa das Rosas paulista, animado com a perspectiva de receber um autógrafo em meu exemplar de "Outro", o volume mais recente de poesias de Augusto de Campos. Foi uma noite especial. Don Frederico Barbosa sempre sabe ser um anfitrião dos bons, montou uma tenda de maravilhas no pátio da Casa e dentro dessa tenda, bruxuleante, o augusto Augusto autografava os exemplares do livro, recebia tatibitates elogios e eram projetados seus poemas "verbivocovisuais", seus quadros com vocação para clips. Em meio aos festejos e as libações (sim, havia álcool e alegria no ambiente) encontro, bem na minha frente na fila, o industrioso JAA Torrano, que me apresentou o não menor artífice dos livros e das letras José de Paula Ramos. Conversamos os três um bocado, sobre a vida e as viagens, os planos de tradução, São Paulo e, como não, sobre a arte de Augusto de Campos e a oportunidade deste seu novo livro. Depois encontrei don Marcelo Tápia, que justamente tinha planos gregos com o Torrano e o Paula Ramos. Mas é sobre o "Outro" que devo falar aqui. Augusto reúne nele os poemas que produziu nos últimos doze anos (desde "Não", de 2003). São três séries, uma de seus poemas inéditos mais convencionais (se é que é possível falar em convenções com o Augusto), uma do que ele chama de "intraduções" (releituras/readaptações de poemas de outros poetas, como Catulo, Marianne Moore, Longfellow e Mallarmé) e uma do que ele chama de "outraduções" (remixes visuais, experimentações sobre poemas e imagens poéticas de terceiros, como Antonio Vieira, Euclides da Cunha, Bernardo Soares e Raul Pompéia). O livro inclui também uma bibliografia definitiva dos livros dele e sobre ele, além de links para as versões "clipadas" de seus poemas (há vários no genial site Erratica (tvgrama3; tvgrama4; deuses/pó; change words; colidousecapo) e também no Youtube (Novos poemas e intraduções). O leitor curioso poderá achar os clip poemas de seu livro anterior, "Não", na página que fica hospedada no UOL. Difícil não ficar enfeitiçado por eles. No prefácio do livro (Outronão) Augusto soa melancólico, como se não fosse capaz de oferecer outros "Outros" mais (ele explicíta: "E é com este OUTRO, que pode ser também o último bônus de meu trabalho poético, que ouso ex-pôr estes novos poemas."). Esperamos que ele esteja bem enganado, sim senhor. Evoé Augusto, evoé. 
[início: 04/08/2015 - fim: 01/09/2015]
"Outro", Augusto de Campos, São Paulo: editora Perspectiva (coleção Signos #56), 1a. edição (2015), brochura 23x23 cm., 120 págs., ISBN: 978-85-273-1032-1

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