quinta-feira, 25 de julho de 2019

la cozinha de los finisterres

Há mais de dez anos li "Saber o no saber", primeiro dos volumes de uma coleção de livro dedicados a gastronomia presente nas histórias do detetive Carvalho, genial invenção de Manuel Vázquez Montalbán. Aos poucos, durante esta década de aventuras e prazeres, de aborrecimentos e fracassos, encontrei, procurando eu mesmo em balaios de velhos sebos espanhóis, ou por encomenda, os demais quatro volumes da coleção. "La cocina de los finisterres" é o quinto e último dos volumes. Nele Montalbán trata da culinária das autonomias do norte espanhol: Galícia, Astúrias, Cantábria e País Basco. Montalbán não é um iniciante, um neófito, um diletante. Ele escreve sobre o que bem conhece, oferece boas referências, contextualiza cada um de seus argumentos. O texto é super rico, informativo, gostoso de ler. Mais da metade do livro é dedicado as receitas, que podem ser facilmente encontradas ou pela função em uma refeição (entradas, acompanhamentos, pratos principais e sobremesas), ou por ordem alfabética. Uns poucos trechos de seus romances policiais ilustram o quê ele fez o detetive Carvalho dizer sobre cada culinária. Para cada uma das autonomias ele digressa sobre os pratos típicos, as particularidades que distinguem uma região da outra, sempre com um olho na geografia e no clima, sempre com um olho na história e tradições do lugar. A arte culinária para ele implica tanto em aprender-se o quê fazer em uma cozinha e quanto ao como se portar em uma mesa de refeições. O leitor é conduzido para o mar e a montanha, para o campo e os rios que correm para o mar, para as hortas e fazendas, para os mercados públicos, as festas típicas de cada uma das autonomias. Os capítulos dedicados a culinária galega e a do principado de Astúrias têm a mesma extensão, um quarto do livro; aquele dedicado a cozinha da Cantábria é um tanto menor (Montalbán alerta que durante séculos Cantábria era apenas a saída para o mar da hegemônica Castilla. O capítulo sobre a culinária do País Basco é o mais extenso e detalhado. Já nos anos 1980, quando conheci algo da cozinha basca, ela já se destacava no cenário gastronômico mundial. Lembro-me da primeira vez que a conheci, num longínquo final dos anos 1980, lá em Donostia/San Sebastián, quando tudo parecia acontecer em ritmo lento, de contos de fada, de encantamento e magia, quando saímos de copas, em busca de tapas e zuritos, que custavam "cinco duros", uma pechincha, "Drowning in honey, stingless", sempre, mas esta é outra história. Vamos em frente. Vale! 
Registro #1433 (gastronomia #39) 
[início 01/06/2019 - fim 20/06/2019]
"La cocina de los finisterres: viaje por las cazuelas de Galicia, Asturias, Cantabria y el País Vasco - Carvalho Gastronómico, vol.5", Manuel Vázquez Montalbán, ediciones B (Zeta Bolsillo) Penguin Random House Group (1a. edição) 2008, brochura 12,5x20, 320 págs. ISBN: 978-84-9872-108-9 [edição original: 2002]

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