Com a confusão da mudança dos livros para o novo apartamento perdi/escondi coisas mas encontrei outras tantas que já computava inapelavelmente perdidas. Uma delas foi esse pequeno livro de poemas (que comprei num dia em que estive visitando don Frank e doña Valquíria em Caxias, já há tantos anos). Em 2010 Marco de Menezes ganhou o Prêmio Açorianos de livro do ano com esse seu "Fim das coisas velhas". Estão nele reunidos sessenta e um poemas divididos em quatro conjuntos. Os dezesseis de "torvelinho" são reflexões sobre o ofício do poeta, suas leituras e influências, exercícios de forma e ritmo; os onze de "os pátios" são poemas em geral mais curtos, sintéticos, onde cenas urbanas e simbólicas se alternam; já os dezessete de "como um peixe de parede" são versos que cantam a memória de quem vive numa cidade que não é aquela em que nasceu e que se esforça por guardar cousas de seu passado; por fim, em "ítaca, itaqui", estão reunidos os dezessete versos mais fortes (mais eruditos digo eu, na falta de uma definição melhor), que ecoam algo dos gregos, algo da dor e da morte. O efeito de todo o conjunto é realmente agradável. Marco de Menezes parece sem pressa, presta atenção a coisas simples que conta, do campo e da cidade, dos objetos do cotidiano, das gentes. É bom estar com tempo e calma para aproveitar livros assim. Vale.
[início: 16/05/2016 - fim: 17/07/2016]
"Fim das coisas velhas", Marco de Menezes, Porto Alegre: Modelo de Nuvem (editora Belas Letras), 1a. edição (2009), 11,5x18,5 cm., 96 págs., ISBN: 978-85-63-05700-6