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terça-feira, 5 de setembro de 2017

pássaros pretos

De Mirian Mambrini só conhecia o bom "A bela Helena", que li por sugestão da Heloísa Mesquita, amiga querida, lá de São Paulo, mas que não vejo há mais de um ano, ai de mim. Como estará grande sua pequenina Inês?, e a adolescente Rebeca?, e como estará o Samuca em seus combates? Logo veremos, espero. Esse "Pássaros pretos" é um romance policial canônico. Um crime acontece e o leitor é levado a acompanhar os caminhos que identificarão o assassino. Mirian Mambrini faz uma garota, uma jovem que pretendia passar um tempo de estudos em Paris, voltar para o Brasil por conta da morte violenta de seu pai, poucos dias após sua viagem rumo à Europa. Essa garota, dona de um inusitado nome, Íris Flora, reunirá em Cabo Frio, região praiana à leste do Rio de Janeiro, uma confraria de investigadores (um ex-namorado, um policial, um escritor), que com as informações colhidas com seu irmão, sua mãe, sua tia e outros indivíduos da população do lugar) a ajudarão descobrir as circunstâncias do crime. É um livro que se defende bem e oferece descrições interessantes, tanto de alguns personagens, quanto da paisagem natural ou da passagem do tempo, mas é um livro preso à forma, ao formato, ao gênero. Nada que deprecie o livro, mas o leitor precisa entrar no jogo da investigação rapidamente para realmente gostar do livro. Acho que há uns personagens que têm estofo para outras aventuras. Vamos a ver o que Mirian Mambrini nos reservará no futuro. Evoé. 
Registro #1212 (romance policial #62)
[Início: 16/08/2017 - fim: 31/08/2017]
"Pássaros Pretos", Mirian Mambrini, Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 1a. edição (2017), brochura 14x21 cm., 197 págs., ISBN: 978-85-412-0557-5

domingo, 29 de novembro de 2015

a bela helena

Em "A bela Helena" Miriam Mambrini dá voz a uma mulher que conta sua vida como num romance, num Bildungsroman, um romance de formação. Talita (quem é a bela Helena do título só o leitor alcançará descobrir) reflete sobre seu passado; faz um balanço dos sucessos de sua vida; digressa sobre os momentos chave que experimentou; fala de seus amores, sua família, suas conquistas. O tom não é exatamente melancólico, mas a aproximação de seus sessenta anos e de uma festa de passagem de ano dão a suas memórias uma camada de intimidade que é um bocado triste (não explicitamente triste, mas sim daquele tipo de abatimento que só os amigos ou pessoas queridas percebem num sujeito antes que ele próprio se dê conta). A Talita que Miriam inventou é uma carioca, vive na segunda metade do século passado, mas sua existência parece descolada da história do Brasil. Pouco saberá o leitor dos efeitos sobre ela derivados das transformações políticas, econômicas e culturais pelas quais passou a sociedade brasileira. Isso não é um defeito. Miriam alcança deixar sua protagonista manter o interesse do leitor apenas em sua trajetória. Só seu mundo interior, seus sentimentos, as metamorfoses que experimenta importam. Cees Nooteboom escreveu um livro que diz, com uma falsa clareza: "Eu tinha mil vidas e escolhi uma só". A Talita desse "A bela Helena" parece inverter a asserção e dizer algo como: "Eu tinha uma vida e escolhi ser mil mulheres". Vou procurar outras coisas de Miriam Mambrini. Vale.
[início: 17/10/2015 - 19/11/2015]
"A bela Helena", Miriam Mambrini, Rio de Janeiro: editora 7 letras, 1a. edição (2015), brochura 15,5x23 cm., 210 págs., ISBN: 978-85-421-0349-6