domingo, 9 de agosto de 2009

asesinato en prado del rey

Achei este legítimo Montalbán da série Carvalho, junto com Natália, leitora das boas, em um dos sebos que se reunem aos domingos no "Mercat de sant Antoni" de Barcelona. Este volume e outros dois, sorte das grandes, agora são poucos os Carvalhos distantes dos meus domínios. São quatro contos curtos ambientados principalmente em Madrid, para onde Carvalho se desloca apenas profissionalmente, quase nunca por desfrute e prazer. Como diz o subtítulo do livro são histórias basicamente sórdidas. São histórias que Carvalho conta retrospectivamente, enquanto prepara pratos delicados para seu vizinho Fuster ou sua amante Charo, ou ainda seu ajudante Biscuter e com cada um deles divide garrafas de vinhos brancos suaves ou tintos encorpados. No primeiro dos contos (e que dá nome ao livro, pois se passa nos arredores da região da antiga sede da Rede de Televisão Espanhola) Carvalho tem de resolver o assassinato de um sujeito de origem vasca, diretor de filmes para televisão populares e de longas metragens sofisticados, mas sem público. A lista de prováveis suspeitos é grande. Carvalho acaba se envolvendo com o mundo articial e glamourizado das produções televisivas, onde as amizades e as escolhas profissionais são temperadas sempre pela mentira, por traições, pela inveja. Ao final ninguém, nem mesmo a polícia, tem interesse em descobrir quem foi o assassino. A dinâmica do jornalismo e da comunicação é sempre fornecer ao público novas crises, novos problemas, novos crimes e soterrar o que não tem mais importância ou poder. No segundo dos contos a ação se dá em uma casa noturna sofisticada e exclusiva, daquele tipo que atrai todos os moderninhos de plantão, cai logo no gosto popular, faz sucesso na mídia, vira "case" de designers e publicitários, torna-se insolvente e fecha as portas em pouco mais de três semanas. Carvalho consegue solucionar o crime antes que o público troque de bar, tudo muito divertido. O terceiro conto obriga Carvalho a se envolver com uma rica família catalã e o submundo da prostituição e das drogas. A família tem interesse em acobertar a morte violenta de uma garota, filha do patriarca. Carvalho descobre rápido quem são os hipócritas de plantão e encontra um desfecho lógico para os acontecimentos. O último dos contos envolve uma série de assassinatos aparentemente não correlacionados: uma prostituta que estuda nas horas vagas, um professor medíocre, um turista argentino e um cachorro de rua. Carvalho descobre logo quem é o rapaz louco responsável pelos crimes. São histórias realmente sórdidas, no sentido que revelam a irrelevância do destinos das gentes que vivem nas bordas das cidades, marginalizadas, entretidas em seus devaneios e sonhos. Nem a polícia, nem o sistema judicial têm interesse em resolver casos desta natureza. Carvalho faz suas investigações quase por curiosidade profissional mas sabe que tudo tem um quê por quixotismo, uma quase certeza de irrelevância. [início 02/08/2009 - fim 07/08/2009]
"Asesinato en prado del rey y otras historias sórdidas", Manuel Vázquez Montalbán, editorial Planeta DeAgostini (1a. edição) 2000, capa-dura 13,5x20,5, 187 págs., ISBN: 84-395-8467-9

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