sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

marcelo grassmann

Na tarde quente do último dia do ano, para fugir mentalmente do frenesi e ansiedade dos festejos, decidi ler algo com calma. Como havia passado parte dos dias anteriores organizado os livros de casa, topei por acaso com esse volume do Marcelo Grassmann. Esse encontro conduziu-me a um lugar especial de meu palácio da memória, lugar que não frequentava há tempos. Lembrei-me que dei um exemplar deste livro de presente para a Helga, logo nos primeiros meses de nosso relacionamento, mas como eu não era indiferente à beleza do livro e ainda não imaginava que um dia nossos livros estariam todos juntos, num mesmo apartamento, tratei de comprar um outro exemplar, só para mim. Fiz isso com pelo menos uma vintena de outros livros de arte, ai de mim. Pois neste volume, publicado originalmente em meados dos anos 1980, estão reunidos mais de uma centena de reproduções de desenhos, litografias, xilografias e gravuras em metal de Marcelo Grassmann, para mim o mais especial dos muitos bons gravadores que nasceram no Brasil (ele era paulista, nasceu em 1925 e morreu há sete anos, em 2013). Grassmann era muito respeitado pelo seu domínio das técnicas gráficas e de impressão. Seu trabalho é povoado por figuras fantásticas, um universo plástico onde mitologia, surrealismo, fantasia, inconsciente e imaginação se fundem. Em função de sua atividade também como professor Grassmann conhecia bem História da Arte, de forma que são incorporados em seus trabalhos várias citações e elementos das formas artísticas. Seus trabalhos provocam mesmo aqueles que não têm o olhar treinado, de especialista, uma miríade de associações, uma festa para os sentidos. O jogo de claro e escuro, de luzes e sombras, particularmente importante nestas gravuras e desenhos, serviu-me para esquecer dos assuntos do dia, relaxar da mundanidade forçada às quais as redes sociais parecem querem nos prender, intoxicando-nos. Foram horas de puro deleite. O livro inclui um longo ensaio, assinado por Pedro Manuel, referências bibliográficas e uma curta cronologia da vida de Grassmann. Se em 2019 dediquei-me muito mais aos ensaios e à poesia que aos romances e aos contos, acredito que em 2020 farei mais incursões pelo mundo da arte, pelas exposições, pelas catedrais artísticas, pelos mitos, pelas Citeras espirituais, aquele tipo de aventura que oxigena nossos sentidos. Vamos a ver. Vale! 
Registro #1481 (livro de arte #32) 
[início: 31/12/2019 - fim: 01/01/2020]
"Marcelo Grassmann", Marcos A. Marcondes (organizador), São Paulo: Art Editora Ltda, 1a. edição (1984), capa-dura 24x30 cm., 140 págs., sem ISBN

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