sexta-feira, 9 de novembro de 2007

nero

Se na viagem de ida a São Paulo li as aventuras do Capitão Alatristre e começei o "El Balneario", na volta optei por algo novo, que comprei na rodoviária, curioso que fiquei. Já havia ouvido falar de Rex Stout por conta de uma pesquisa que fiz tempos atrás sobre prêmios literários. Eu acredita que existiam o Nobel e mais um ou dois importantes, mas descobri que existem uns vinte pelo menos que são muito respeitados. Pois naquela época descobri que existe desde 1979 um prêmio chamado Nero Wolfe Awards exclusivo para autores de livros de mistério. Nero Wolfe é o nome de um personagem de Rex Stout, americano que viveu na primeira metade do século passado. Segundo consta ele escreveu mais de 70 livros. Seu personagem principal é portanto Nero Wolfe, um gordo detetive particular, maniático como poucos, que mal sai de sua casa e abandona seus hábitos estravagantes, mas que resolve enigmas e soluciona crimes como ninguém. Como todo herói desde o Quixote (sempre ele o Quixote assombrando quem tentar emular algo novo) Wolfe tem um auxiliar dedicado, um investigador chamado Archie Goodwin. A viagem de volta a Santa Maria foi longa, mas a leitura de "A Voz do Morto" foi rápida. É um livro bem escrito. Um crime acontece e as informações são levadas ao gabinete de leitura de Wolfe que, pacientemente, entre um jantar e o tempo dedicado ao cultivo de suas premiadas orquídeas, em um par de dias (e em pouco mais de 200 páginas) descobre a solução do enigma. Nada espetacular, nenhum fogos de artifício espoucando no céu, tudo se passa muito rapidamente. Não o linguajar, que certamente foi depurado pela tradução, mas certamente a ambientação da história me parece um tanto datada, afinal estamos falando de uma Nova Iorque dos anos 1940. Causam algum estranhamento muito dos procedimentos jurídicos, jornalísticos e policiais descritos no livro, mas paciência, não há o que reclamar, pois se estamos lendo uma recepção onde Hamlet está presente não podemos reclamar da decoração lúgubre ou do ressoar dos passos pelo chão áspero. Talvez um dia eu volte a ler algo mais de Rex Stout para conhecê-lo melhor (talvez em alguma outra rodoviária eu encontre um outro livro dele afinal), mas por enquanto tenho outras cositas para ler (estou a ler mas rapidamente que resenho, mas isto não é exatamente um problema).
"A Voz do Morto", Rex Stout, tradução de Daniel Argolo Estill, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2007) ISBN: 978-85-359-1098-8

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