sábado, 11 de março de 2017

estórias de boteco

Quem conhece o Valmor Simonetti sabe de sua dedicação a literatura, ao cinema e a nobre arte de contar causos. Há uns anos começou a fazer oficinas literárias e participou de várias publicações coletivas (já registrei uma delas aqui: "Amor a Porto Alegre", que é de 2010, mas ele teve contos seus publicados em pelo menos seis outras coletâneas desde 2009). Recentemente Valmor resolveu publicar um volume apenas com seus contos, defender-se sozinho. São 25 histórias, um quarto delas inéditas. Suas histórias gravitam os botecos, notadamente os porto-alegrenses, mas também há histórias que se passam em Buenos Aires, em Montevidéu e em Paris, assim como outras que nasceram nos pampas, na serra gaúcha ou na fronteira. Os contos brotam do bom humor, de uma visão otimista das coisas da vida, mas em algum momento o leitor sente também algo do amargor e da melancolia que gravitam as noites e acontecimentos típicos de um bar. O protagonista dos contos pode ser o Padre, o Jefraim, o Zagreu ou o Walter Ego, mas o narrador é sempre um Valmor que não se preocupa em disfarçar-se, que se dedica a procurar aquilo de mais humano e nobre nos interlocutores. Nove contos também ganharam versões em outras línguas, pois fizeram parte originalmente de publicações bilíngues nascidas da oficina de criação literária organizada pelo Alcy Cheuiche: quatro ganharam versões em francês, duas em espanhol e uma em guarani. Esse livro me pareceu aparentado com dois outros que li recentemente, o "Luz em nevoeiro", do Iuri Müller, e o "Lontanaza bar", do David Toscana. Sempre acho que há livros que viajam em bando, que os livros tem esse hábito de se aproximarem juntos de um sujeito. Os contos do Valmor ficaram sim em boa e adequada companhia. Vale.
[início: 30/01/2017 - fim: 31/01/2017]
"Estórias de boteco et alii", Valmor Braga Simonetti, Porto Alegre: editora AGE, 1a. edição (2016), brochura 14x21 cm., 95 págs., ISBN: 978-85-8343-285-2

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