terça-feira, 15 de maio de 2007

confrades

Estamos vivendo em uma época onde podemos sem pejo ser cabotinos, falsos, inconstantes, mentirosos, traidores, agressivos, hipócritas, tolos ou quaisquer outros atributos que no passado seria ofensivo ostentar. Na leitura de qualquer jornal ou em um par de minutos na frente da televisão somos apresentados a uma fauna de homens de quem não compraríamos um carro usado, quanto mais convidar para uma mesa de bar. Mentir, trapacear, mudar de opinião, roubar idéias e virtudes, comprar votos e consciências parece ser a moeda de troca da franca maioria dos políticos e homúnculos que habitam o noticiário neste início de século brazuca. Fazer o quê? Ler um bom livro, namorar a menina bonita, pescar um bom peixe, nadar em um bom mar, ouvir uma música cara à memória, cozinhar para os amigos, cousas assim são soluções válidas. O problema da primeira sugestão é que o livro em questão aí à esquerda tem textos meus e mesmo o mais corrupto dos senadores e mais torpe dos deputados desta república teria certo pudor de fazer prosa laudatória de suas próprias garatujas (em geral eles pedem para um colega fazê-lo, com a obrigação do favor ser devolvido logo, claro). Este livro foi produzido por muitas mãos e é irmão de um outro, de poesias. Do livro dos poetas eu poderia falar mais e com mais isenção, por isto vou deixar isto para uma outra resenha. Do livro de crônicas basta eu dizer que são sete autores (seis autores e uma autora, a Sione, que ficou por último na lista ordenada alfabeticamente e parece carregar à todos nas costas). São sete crônicas de cada autor, a grande maioria inéditas, recém saídas dos fornos e dos dedos dos viventes. Seguramente eu sou o menor dos anões ali. O Candinho, o Diomar, a Sione, o Larré, o Canellas, mestres que são, têm suas colunas fixas nos jornais locais. O Athos não publica toda semana mas é escritor prolífico e não tem medo de ouvir uma recusa dos editores de plantão quando submete suas crônicas ligeiras. Assim, bem acompanhado, fica fácil empurrar meus textos goela abaixo do leitor. Se o leitor se engasgar com meus erros de concordância ou com minha rude verve certamente encontrará cronistas mais equilibrados nas páginas seguintes às minhas no livro. Gostei muito de fazer parte deste projeto. Vamos a ver o que você acha afinal de contas. Se é que você vai se interessar por ele, diga o que achou dos textos afinal. É isto. Bom divertimento.
O Maquinista Daltônico - Crônicas, Aguinaldo Medici Severino, Athos Ronaldo Miralha da Cunha, Antônio Candido de Azambuja Ribeiro, Marcelo Canellas, Diomar Konrad, Ludwig Larré, Sione Gomes, editora Manuzio, 1a. edição (2007) ISBN: 978-85-89833-99-8

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