sexta-feira, 25 de setembro de 2020

donaldo schüler: entrevista

"Donaldo Schüler: entrevista" é o segundo volume de uma coleção de entrevistas publicada pela editora Medusa, de Curitiba, coleção da qual já registrei aqui o volume dedicado a Aurora Bernardini. Donaldo Schüler é catarinense, mas sua carreira acadêmica universitária deu-se no Rio Grande do Sul, na UFRGS, onde graduou-se e foi professor titular. Assim como no caso de Aurora Bernardini, às suas atividades acadêmicas, Schüler somou o ofício de tradutor, sobretudo do grego (Sófocles, Homero, Platão), mas ele ganhou especial notoriedade ao traduzir o Finnegans Wake, de James Joyce, no início dos anos 2000. Neste volume estão organizadas (por Dirce Waltrick do Amarante e Marcelo Tápia), um conjunto de treze depoimentos epistolares (trocas de e-mails), provocados a partir de perguntas, conjunto este que é dividido no livro em três sessões: A partida, O retorno, De volta à nau. Talvez por conta deste distanciamento físico e temporal entre perguntas e respostas o resultado seja um tanto confuso, heterogêneo. Há passagens realmente muito boas, nas quais Schüler explica como o ofício da tradução nasceu da docência, do ensino de língua e literatura grega, do diálogo com seus estudantes e/ou ouvintes (ele é também um respeitado palestrante em cursos livres e eventos literários). Ele fala da aventura de conduzir seus alunos pela história da poesia e das ideias, assim como a tradução em si conduz as palavras de um lugar ao outro, de uma cultura à outra; fala como a evolução do homem espelha a história e evolução das formas poéticas; assim como as traduções injetam vitalidades insuspeitas nos próprios originais. Schüler faz questão de registrar que suas traduções produzidas para publicação sempre o foram por encomenda, por convites de editores ou grupos. E fala também sobre seus livros de ficção e de crítica. O que me pareceu confuso, como disse acima, é a provável inserção de reflexões produzidas para outros fins, artigos talvez, nas respostas às perguntas, que são sempre curtas e objetivas, mas que são respondidas, seja quando fala de seus livros Tatu (de 1983), Martim Fera (de 1984), seja quando discorre sobre Mallarme, Trakl, Eisenstein e Bashô  ou mesmo quando fala do Finnegans Wake, de forma muito caótica e dispersiva. De qualquer forma, aprende-se um bocado sobre sua prática e filosofia de tradução. O livro inclui uma cronologia de sua vida acadêmica, bibliografia e prêmios.  Segue o baile. Vale!
Registro #1572 (perfis e relatos #102)
[início: 16/08/2020 - fim: 20/08/2020] 
"Donaldo Schüler: entrevista", Donaldo Schüler, Dirce Waltrick do Amarante e Marcelo Tápia (organização), Curitiba: Editora Medusa (coleção Palavra do tradutor), 1a. edição (2018), brochura 13,5x19,5 cm, 177 págs., ISBN: 978-85-64029-56-9

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