Adrian Tomine nasceu em 1974 em Sacramento, California. No início dos anos 1990 mudou-se para Nova Iorque e entre 1991 e 1994, ou seja, entre os 17 e os 20 anos, produziu, editou e distribuiu os sete primeiros volumes de "Optic Nerve", mini-comics de tiragem limitada que tiveram grande repercussão, tanto de público quanto de crítica. Eram trabalhos quase artesanais, fanzines feitos a caneta e reproduzidos com xerox. Em 1995 ele passou a produzir seus trabalhos para a editora canadense de comics do circuito alternativo Drawn and Quarterly Publications. Posteriormente passou também a contribuir regularmente para jornais e revistas americanos, como a The New Yorker. Já tive chance de comentar aqui tanto os números de "Optic Nerve" produzidos para a Drawn and Quarterly ("Sleepwalk and Other Stories", que reúne os volumes 1 a 4; "Summer Blonde", volumes 5 a 8, e "Shortcomings", volumes 9 a 11) quanto os trabalhos produzidos para a The New Yorker ("New York Drawings"). Em "32 Stories" estão reunidos seus primeiros trabalhos. São histórias de iniciação, quase toscas muitas delas, onde vê-se claramente que trata-se de um autor que busca sua forma de expressão. A técnica vai se aprimorando, alguns temas são retomados, questões polêmicas são abandonadas. Em qualquer cidade centenas de garotos devem produzir todos os anos histórias assim. De alguma forma os trabalhos de Tomine se destacaram e ele conseguiu passar a ser editado regularmente. Em seus trabalhos iniciais nota-se algo da tensão entre aqueles que são mais fortes e ainda hoje interessantes (aqueles onde é feita apenas uma descrição da realidade, sem julgamentos de valor, exposição de teses sociológicas ou tentativas de antropologia selvagem) e aqueles que já restam rotulados (por estarem presos a alguma agenda política e/ou econômica da época). Apenas vinte anos se passaram desde a publicação original, mas o mundo parece ter sido varrido por transformações. A euforia dos anos que seguiram a queda do muro de Berlin e da redemocratização do Leste Europeu logo se esgotou. O controle tecnológico que experimentamos todos é pleno e poderoso, a espetacularização das vidas e da cultura é hoje completa e os problemas mais importantes continuam sendo os mesmos de sempre: a aparente inadequação do homem moderno para a vida em sociedade, a impossibilidade de compreendermos (ou aceitarmos) completamente os outros, a solidão, a dificuldade (ou antes a incapacidade) de amar. Tomine não me parece pretensioso a ponto de querer esgotar os temas, pontificar suas verdades como únicas. Há um humor discreto em seus trabalhos, por vezes os personagens parecem piscar para o leitor, algo cúmplices. Sujeito divertido esse Tomine.
[início: 04/10/2013 - fim: 06/10/2013]
"32 Stories: The Complete "Optic Nerve" mini-comics", Adrian Tomine, Montreal: Drawn and Quarterly, 3a. edição (1997), brochura 14x21,5 cm., 98 págs., ISBN: 978-1-896597-00-9
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