Seguro que Rodrigo Rosp deve ter se divertido no processo de invenção deste seu "Fingidores" (ele incluiu o subtítulo "comédia em nove cenas" nele, mas como uso um número limitado de tags em meus registros de leitura, classificarei seu livro de outra forma). O ritmo e o tema da história lembra um tanto as peças curtas de Woody Allen (como, por exemplo, aquelas reunidas em Adultérios), ou daqueles sketchs antigos do grupo inglês Monty Python. Trata-se de uma peça de teatro quase pronta para ser encenada. Não é exatamente fácil sustentar o tom certo de uma comédia, nem ao vivo, nem num texto. Mas Rosp, talvez lembrando de Edmund Gwenn (que disse: "Dying is easy, comedy is difficult."), alcança manter um bom ritmo (e, com isso, o interesse do leitor). Ri-se um bocado do humor que Rosp extraí da morte, do ciúme, do sexo, do medo e da traição. O protagonista da história é Caio, que parece morrer e experimentar uma sucessão de epifanias post mortem (através das quais faz um balanço do que viveu mais intensamente antes de aceitar seu destino). O texto de Rosp tem força e originalidade, e leva o leitor, cena a cena, por certos dilemas que todos experimentamos na vida (mundana ou espiritual). Caio é um cético clássico, arquétipo, o tipo do sujeito que amamos ter
como amigo, como uma espécie de consciência canalha, que nos purga de nossa fácil hipocrisia. Acho que ainda verei trechos deste livro encenados. Vale.
[início: 09/10/2013 - fim: 10/10/2013]
"Fingidores: comédia em nove cenas", Rodrigo Rosp, Porto Alegre: Não editora, 1a. edição (2013), brochura 14x21 cm., 176 págs., ISBN: 978-85-61249-46-5
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