Foi por puro deleite que resolvi reler essas histórias. Também achei que voltar a elas seria o jeito correto para homenagear o industrioso don Caetano Waldrigues Galindo, que ganhou o Prêmio Jabuti semanas atrás por seu monumental trabalho de traduzir o Ulysses de James Joyce. Evoé Galindo, Evoé. São três mimos, três jóias. Duas delas são contos, extraídos do Dublinenses, a outra é o capítulo final do Ulysses, o monólogo de Molly Bloom, uma das partes mais lidas e interessantes do livro (que de resto sempre é incrivelmente interessante). "Os mortos" está além das descrições possíveis. É um conto tão poderoso, uma história que quase sempre provoca no leitor associações e experiências que vão do encantamento a raiva, da felicidade ao medo, que não há porque furtar-se de relê-lo sempre que possível. "Arábias" é menos intimista, mas talvez seja ainda mais cruel, já que faz qualquer leitor lembrar-se de suas aventuras da infância e juventude, dos aborrecimentos e das felicidades mirradas que conseguimos extrair de um mundo sempre cruel e enganador. O "Monólogo de Molly Bloom", extraído do Ulysses, parece ter vida própria. São oito partes que progressivamente transportam o leitor para o mundo dos pensamentos e lembranças de Molly Bloom, naquela madrugada do 17 de junho de 1904, que conhecemos logo após os sucessos de Poldy em seu primeiro e seminal Bloomsday. Ah Galindo, obrigado mesmo. Sempre sim ao Joyce, sempre sim ao Ulysses. Sim.
[início: 18/10/2013 - fim: 29/10/2013]
"Os mortos", James Joyce, tradução de Caetano W. Galindo, São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras (coleção Grandes Amores), 1a. edição (2013), brochura 13x20 cm., 135 págs., ISBN: 978-85-63560-63-6 [edição original: Dubliners (London: Grant Richards) 1914 e Ulysses (Paris: Shakespeare and Company) 1922]
Nenhum comentário:
Postar um comentário