terça-feira, 1 de novembro de 2011

hijos sin hijos

Esse pequeno livro de contos de Enrique Vila-Matas não é exatamente arrebatador. Claro, as histórias são inventivas, cheias de malabarismos mentais e funcionam como provocação intelectual e entreterimento rápido, mas não pertencem ao melhor que li dele até aqui. O que encontramos em "Hijos sin hijos" são treze contos amalucados. Dez deles são curtos, cinco curtíssimos e um relativamente longo. A maioria envolve o universo dos sonhos, das metamorfoses, das reflexões rápidas anotadas em uma espécie de diário. Por vezes os narradores das histórias, frente a perplexidade com a vida, flertam com perversões, amoralidades, logro e mentira. Noutras parecem se esforçar para esconder ou cifrar coisas, mas sem a enxurrada de citações  que tipicamente são utilizadas por Vila-Matas. Cada uma das histórias é localizada espacial e temporalmente, como se o autor pretendesse apresentar um painel da geografia e da história de seu país através de relatos que são cotidianos, personalizados, antes confissões. pessoais que digressões de terceiros. O padrão para se entender as histórias é oferecido pelo próprio autor (em sua generosa e completíssima webpage), quando afirma que os heróis dessas histórias são pessoas que ao decidirem não deixar descendência somente sobrevivem naquilo que produzem e dizem, naquilo que contam e registram. Não farei um censo das histórias aqui, mas gostei de uma em que após o marido perder o emprego sua mulher decide também ficar desempregada (Mandando todo al diablo); do thriller pseudo-religioso de La familia suspendida; do tom folhetinesco e labiríntico de El hijo del columpio; da história onde uma garota conta sucessos de amor e morte em uma relação incestuosa (Mirando al mar y otros temas); da história onde um garoto mudo aterroriza seus pais (Te manda saludos Dante). Haverá algum outro Vila-Matas por aqui em breve. [início 13/10/2011 - fim 23/10/2011]
"Hijos sin hijos", Enrique Vila-Matas, Barcelona: editorial Anagrama (compactos), 2a. edição (2007), brochura 13,5x20,5 cm, 217 págs. ISBN: 978-84-339-6687-2 [edição original: Barcelona (editorial Anagrama) 1993]

4 comentários:

Klaus Gambarini disse...

Boa tarde, Aguinaldo, tudo bem?

Meu nome é Klaus Gambarini, sou assessor de imprensa da editora Ática. Estou fazendo uma divulgação de um livro, que é a aposta da Ática para esse ano, O Chamado do Monstro. Estou com um press kit, e gostaria de mandar para você. Será que podemos nos falar por e-mail, ou telefone?

Abraço.

Aguinaldo Medici Severino disse...

olá klaus,
sim, podemos conversar.
me mande um e-mail.
amseverino.ufsm@gmail.com
um abraço.
aguinaldo

O Luzíada disse...

Vila-Matas não se compara a Javier Marías, no sentido de ser, claro, muito, mas muito inferior, abraço M

Aguinaldo Medici Severino disse...

olá marcelo,
bueno. concordo contigo. não conheço ninguém vivo que hoje escreva como javier marías, mas ando lendo umas coisas do vila-matas para tentar entender como é que ele conseguiu a fama que tem.
e, só para constar. tem um javier marías novo (crônicas de jornal de 2010 e 2011) pronto para sair do forno (em 10 dias está nas livrarias espanholas).
abraços.
aguinaldo