Esse pequeno livro nasceu da mesma idéia que criou "Dublinesca", mas tem um outro fôlego, outra abordagem, outra proposta. Em "Dublinesca" acompanhamos os sucessos de um editor em crise, Samuel Riba, que reflete sobre o fim do mundo dos livros como conhecemos e organiza uma espécie de funeral da "era de Gutenberg", escolhendo o Bloomsday (a gloriosa festa literária dedicada ao Ulysses de James Joyce), na brumosa Dublín, para marcar o réquíem dos livros e da literatura. É um romance muito irônico e muito divertido, onde tanto os leitores contumazes de Joyce, quanto os entusiastas da prosa rascante de Vila-Matas, encontram genuíno prazer. "Perder Teorías" funciona como uma espécie de adestramento à ele. O narrador deve ser o mesmo Samuel Riba (inominado, claro), mas se nos breves capítulos de "Perder teorías" ele engendra a idéia de escrever uma teoria sistematizada do romance moderno (para logo abandoná-la, renegá-la, antecipando sua futilidade e inoperância), será em "Dublinesca" que ela é posta em prática, tranformando-se em um romance. Vila-Matas inclui um prólogo laudatório e cifrado, assinado por Liz Themerson, uma pretensa hispanista americana. Mas se é que eu entendi bem esse prólogo deve ser mais uma daquelas "trampas" vila-matianas, engendradas para confundir e brincar com o leitor, pois não existe uma Liz Themerson real. "Perder teorías" funciona como um apêndice do que se discute em "Dublinesca" e como um exercício estilístico do que encontramos sempre nos livros de Vila-Matas. Divertido, mas nada transcendental. Vamos em frente. [início 04/11/2011 - fim 14/11/2011]
"Perder teorías", Enrique Vila-Matas, Barcelona: editora Seix Barral (coleção Únicos),
1a. edição (2010), capa-dura 12x19 cm, 80 págs. ISBN:
978-84-322-4324-0
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