Parece incrível que este pequeno livro bilíngüe (inglês e português), escrito provavelmente em 1925 e encontrado em um baú de guardados no início dos anos 1980, tenha sido escrito mesmo por Fernando Pessoa. Mas a prosa segura, as descrições ricas e curiosas de toda uma Lisboa de mais de ointenta anos atrás tem mesmo a marca do grande escritor português. Além de um prefácio onde uma especialista explica o origem do texto e o porquê da publicação encontramos três ensaios curtos, escritos exatamente por Pessoa originalmente em inglês e traduzidos por uma pesquisadora chamada Maria Amélia Gomes. Aparentemente este texto deveria fazer parte de uma obra maior onde ele pretendia fazer Portugal mais inteligível para os demais vizinhos europeus. O primeiro, de longe o mais longo, descreve um longo passeio de carro pelos lugares mais interessantes e imperdíveis aos quais um turista devesse atentar (antes de registrar-se em um hotel, entendi ele sugerir); no segundo, de pouco mais de uma lauda, ele descreve os jornais da Lisboa desta época, suas linhas editoriais, o formato da impressão e seus articulistas; já no último, de quatro ou cindo laudas, aprendemos algo através de uma visita por automóvel à Sintra, tomando o caminho de Queluz. Os textos são enxutos, lê-se com prazer, mas obviamente não serve para nos auxiliar na Lisboa transformada deste século XXI. De qualquer forma é um livrinho que nos faz lembrar de nossas próprias experiências ao encontrarmos esta cidade tão bonita e já tão castigada pelo tempo e pelos homens.
"Lisboa, o que o turista deve ver (edição bilíngue)", Fernando Pessoa, tradução de Maria Amélia Gomes, Editora Companhia das Letras, 1a. edição (2008) brochura 14x21cm, 191 pág. ISBN:978-85-359-1214-2
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