sexta-feira, 27 de março de 2015

calle de las tiendas oscuras

Publicado originalmente em 1978, "Calle de las tiendas oscuras" é o sexto romance de Patrick Modiano e foi premiado com o prêmio Goncourt (um dos mais prestigiados da França). Nos demais romances dele que já li o formato implica sempre num narrador que busca todos os detalhes possíveis sobre uma determinada pessoa, um lugar ou um fato acontecido num passado remoto. Em "Calle de las tiendas oscuras" há uma inversão no foco desse narrador, Guy Roland, pois aqui ele busca encontrar a sua própria história, já que por algum motivo esqueceu o seu passado. O leitor hesita: pode imaginar que algum tipo de colapso psicológico provocou aquela amnésia, mas também é levado a pensar que pode ser alguém que quer esconder o seu passado. Modiano faz com que seu narrador inverta a seta do tempo e explore o fio tecido pelas Moiras. Através dos métodos e procedimentos que o próprio Modiano utiliza em suas histórias, o narrador segue pistas vagas, consulta catálogos de telefone antigos, vai aos arquivos públicos, alcança que pessoas dos serviços secretos de seu país o informem sobre biografias e nomes falsos utilizados durante a ocupação nazista. As investigações parecem ter nexo, parecem levar ao entendimento de uma vida possível, que seria a vida do narrador caso ele se lembrasse da sua, mas talvez seja apenas uma construção, um artifício, um ilusão compartilhada. A construção do mosaico de fotografias, biografias, fragmentos de narrativas toma todo o tempo do sujeito. Em algum ponto, já perto do final do romance, um outro narrador parece contar uma verdade possível. Mesmo sabendo que somos, leitores, sempre esperançosos demais de um final feliz, temerosos que tal ausência de uma biografia crível jamais fosse preenchida, acabamos seguindo o primeiro narrador por essas novas pistas. Modiano não cai na armadilha de oferecer uma solução aos enigmas que propõe. Cabe ao leitor imaginar se uma vida sem passado seria concebível, digna, possível. Não é pouco.
[início: 24/03/2015 - fim: 25/03/2015]
"Calle de las Tiendas Oscuras", Patrick Modiano, tradução de María Teresa Gallego Urrutia, Barcelona: Editorial Anagrama (Panorama de Narrativas #725), 3a. edição (2014), brochura 14x22 cm., 233 págs., ISBN: 978-84-339-7506-5 [edição original: Rue des boutiques obscures (Paris: Éditions Gallimard 1978]

quinta-feira, 26 de março de 2015

a forma da sombra

"A forma da sombra" é antes um romance fantástico que um romance policial, como a ficha catalográfica sugere. Um sujeito que se entende como uma nova espécie de ser vivo experimenta uma metamorfose que o faz preferir escuridão a luz, o obriga a alimentar-se de carne humana, confunde seus pensamentos e a cronologia de seus atos. A narrativa nos faz entender que fisicamente o sujeito sempre foi diferente e inapto ao convívio social, mas é ao longo dela que ele ganha a consciência dessa inaptidão (que o leva progressivamente a terríveis conseqüências). Fernando de Abreu Barreto, um jovem advogado carioca, ambienta esse seu romance de estréia num Rio de Janeiro cinza e escuro, onde não há tempo para amabilidades, gentilezas, tempo para desfrutar das belezas naturais, da vida e do sol. O narrador percorre os túneis do metrô carioca como um vampiro moderno, é sagaz e manipulador, auto-centrado e gradualmente mais faminto. As digressões do narrador incluem reflexões filosóficas e sociológicas, bem próprias de nosso tempo. De qualquer forma, como se trata de uma alegoria, o leitor logo entende que ainda mais brutais que o sujeito que se imagina não pertencer a espécie humana são seus vizinhos, seus colegas de trabalho, seu chefe, estão as pessoas que encontra nos bares e o detetive que é escalado para persegui-lo. Viver é muito perigoso e infinitas são as estratégias mentais que criamos para suportar esses perigosos. Ojo, vamos a ver o que Fernando de Abreu Barreto irá inventar no futuro. Vale.
[início: 11/03/2015 - fim: 13/03/2015]
"A forma da sombra", Fernando de Abreu Barreto, Campo Grande / Mato Grosso do Sul: Caligo editora, 1a. edição (2014), 15,5x22,5 cm., 116 págs., ISBN: 978-85-6700-605-5

quarta-feira, 25 de março de 2015

a balada de adam henry

Já li um bocado de livros de Ian McEwan (os registros podem ser encontrados aqui). Me parece que esse último que li, "A balada de Adam Henry" é de longe o menos interessante deles. Em algumas passagens pensei estar lendo uma versão moderna de "O pequeno príncipe" e noutras uma vulgarização - quase um plágio - daquele conto fascinante de Joyce incluído no Dublinenses: "The dead". Vamos a ver. O livro é bem escrito, claro, tem passagens realmente boas e apresenta um dilema moral interessante, mas no final tudo parece artificial demais, esquemático demais, aborrecido demais, envelhecido demais. O tema geral do livro é realmente contemporâneo e importante, já que se trata de uma discussão sobre as fronteiras de atuação da ciência e da força do estado (das leis), em contraposição ao pensamento mágico (ou outras formas de conhecimento, digamos assim) e o direito a privacidade e/ou crença de qualquer indivíduo. Enfim, na trama do livro a Fiona Maye, uma atarefada e eficiente juíza de uma alta corte do sistema judiciário inglês, cabe o papel de interpretar a lei no caso de um jovem não emancipado que precisa forçosamente receber uma transfusão de sangue e cujos pais se recusam a autorizar tal procedimento por conta de suas convicções religiosas. A juíza decide pela autorização (e obviamente salva a vida do rapaz) mas num processo clássico de transferência o rapaz cobra da juíza um relacionamento contínuo, uma troca, como se ela fosse a partir daquela decisão responsável para sempre por seu renascimento. O livro inclui várias passagens onde diferentes processos jurídicos e demandas são decididas pela juíza (o código de leis inglês segue um procedimento bastante diferente do brasileiro, portanto soa estranho à nossa experiência o ritmo e a sequência lógica das decisões da juíza). Em paralelo às muitas questões jurídicas que a protagonista da história precisa resolver (sobretudo a principal, que dá estrutura ao livro) o leitor é apresentado as dificuldades da protagonista para manter um relacionamento afetivo, continuar com sua paixão pela música e planejar adequadamente seu futuro. Acho que James Joyce consegue apresentar em "The Dead" o mesmo dilema experimentado por Fiona Maye com mais força e sutileza que Ian Macwen alcançou fazer, mas claro, trata-se de uma covardia minha esse tipo de associação. Vamos em frente. É tempo.
[início: 09/03/2015 - fim: 11/02/2015]
"A balada de Adam Henry", Ian McEwan, tradução de Jorio Dauster, São Paulo: editora Schwarcz (Companhia das Letras), 1a. edição (2014), brochura 14x21 cm., 196 págs., ISBN: 978-85-359-2513-5 [edição original: The Children Act (New York: Nan A. Talese (Knopf Doubleday / Random House Group)

terça-feira, 24 de março de 2015

los misterios de madrid

"Los misterios de Madrid" foi publicado originalmente como folhetim no jornal madrileño El País, entre 11 de agosto e 7 de setembro de 1992. Antonio Muñoz Molina (de quem apenas conhecia o bom "Carlota Fainberg") conta a história de um jovem jornalista que parte numa grande aventura, desde uma pequena cidade andaluza (a diminuta Albanchez de Mágina, na província de Jaén) rumo a capital, Madrid. Esse sujeito, Lorenzo Quesada (uma brincadeira cervantina, claro) viaja a Madrid com o objetivo de descobrir quem roubou uma escultura em madeira de um cristo morto utilizado nas procissões da semana santa de sua cidade (quem já viu essas procissões sabe o quão tremenda é a devoção dos fiéis nesses ritos). O que de fato Muñoz Molina oferece é uma divertida alegoria sobre as rápidas transformações pelas quais passou a Espanha no início dos anos 1990, quando comemorou os 500 anos de descobrimento da América, os Jogos Olímpicos de Barcelona e a Exposição Universal de Sevilha (e que ao, menos no imaginário dos organizadores dessas celebrações e de parte da população, coroou definitivamente a inserção da Espanha na União Européia e no círculo de países ricos - uma tonteria das grandes, claro). Como é usual neste formato Muñoz Molina inclui em cada um dos 28 capítulos do folhetim/livro uma guinada feroz na trama, fazendo com que o leitor se surpreenda e tente antecipar os movimentos seguintes dos personagens principais. Há passagens muito divertidas que exploram os muitos estereótipos que associamos à cultura espanhola. Ele também discute o esgotamento do movimento cultural conhecido como "movida madrileña", cujo auge aconteceu entre os anos 1977 e 1981, anos de transição democrática na Espanha (da morte de Franco a entrada da Espanha na União Européia). A trama é bem montada e o leitor ganha o que o livro propõe: algumas horas de bom divertimento. Eu, que vivi na Espanha nuns meses ferozes de 1990, gostei das reflexões que o livro propõe, experimentei um tanto daquela aventura da descoberta de uma cidade nova (como a Madrid que o Lorenzo Quesada de Antonio Muñoz Molina encontra). Vale.
[ínicio: 06/03/2015 - fim: 09/03/2015]
"Los misterios de Madrid", Antonio Muñoz Molina, Barcelona: Editorial Seix Barral (colección booket) Grupo Planeta, 1a. edição (2007), brochura 12,5x19 cm., 188 págs., ISBN: 978-84-322-1756-2 [edição original: (Madrid: El País) 1992]

segunda-feira, 23 de março de 2015

ronda da noite

Nesse pequeno livro Patrick Modiano apresenta fragmentos das lembranças de um garoto cooptado por franceses colaboracionistas durante o período de ocupação nazista (entre 1940 e 1944). Esse garoto sofre de uma doença degenerativa (ou algum tipo de demência, ou está simplesmente se enganando, fingindo não ter cometido as atrocidades que cometeu). Ele é recrutado para inspecionar as casas abandonadas de pessoas abastadas que fugiram quando da ocupação nazista, indicando a seus colegas da Gestapo francesa que tipo de bens delas poderiam ser subtraídos, vendidos ou entregues as autoridades de plantão. Ele também é infiltrado em um grupo da resistência francesa e eventualmente provoca a morte ou a prisão de alguns membros. No porão de uma dessas casas confiscadas pela Gestapo prisioneiros são torturados e mortos enquanto que seus algozes imaginam o lucro que terão com a venda de cada um dos itens que confiscaram. O garoto mitiga sua culpa cuidando de um velho cego e de uma menina, e em algum momento acaba se indispondo com seus colegas que o perseguem pelos boulevards de Paris. A narrativa alterna o passado remoto do personagem, os planos para o futuro de cada colaboracionista, o presente grotesco de seus crimes e culpas. Não sabemos se o narrador sobreviverá a redemocratização da França, se o que se lê são as memórias de um velho ou algo como o futuro inventado por um escritor para pessoas que viveram aquela amarga experiência. Quase no final do livro Modiano se apresenta como um maníaco obsessivo que se debruça pela história de garotos como o narrador da história. A edição original desse livro é de 1969, trata-se portanto do segundo livro publicado por Modiano (de quem já li "Dora Bruder" e "Flores da ruína"). 
[início - fim: 06/03/2015]
"Ronda da noite", Patrick Modiano, tradução de Herbert Daniel, Rio de Janeiro:Editora Rocco, 1a. edição (2014), brochura 14x21 cm., 127 págs., ISBN: 978-85-325-0157-8 [edição original: "La Ronde de Nuit" (Paris: Éditions Gallimard) 1969]

domingo, 22 de março de 2015

flores da ruína

Assim como em "Dora Bruder", que já resenhei aqui, esse pequeno livro mescla invenção literária com elementos autobiográficos. Desta vez Patrick Modiano oferece ao leitor três camadas de seu palimpsesto pessoal: (i) os fatos que consegue apurar da estranha morte de um casal de jovens franceses em 1933, após uma noite de bebedeira; (ii) sua fuga do colégio em 1960 e seu relacionamento com uma mulher chamada Jacqueline, que o acolhe e com quem viverá algum tempo fora da França; (iii) os sucessos que descobre anos depois (1964 ou 1965, quando já frequenta a universidade) sobre um personagem camaleônico, ambíguo, talvez colaboracionista durante o nazismo, um sujeito chamado Pacheco (mas que também usava como nomes Philippe de Bellune e Charles Lombard) que também tem uma namorada chamada Jacqueline. Se é que eu entendi bem (as alusões são verdadeiras armadilhas nos livros de Modiano) a história do suicídio/assassinato do jovem casal serve para localizar uma região de Paris, fixar a geografia da narrativa, mostrar os lugares que o narrador irá frequentar ao tentar entender a psiquê do tal Pacheco. Por sua vez, a fuga do colégio e o relacionamento com Jacqueline possibilitam ao narrador fazer a transição da adolescência para a vida adulta (metaforicamente de uma vida de ilusões e mentiras para uma vida de inquirições e descobertas de outros aspectos da verdade). A relação do narrador com o pai mostra-se em "Flores da ruína" um bocado complexa (aparentemente eles se afastaram completamente, deixaram de se falar sem explicitarem suas diferenças, mas é difícil que o leitor entenda os porquês deste estranhamento). Do personagem Pacheco, que Modiano parece resgatar de um esquecimento completo para dissecar no romance, ficamos - narrador e leitor - sabendo pouco, mas isso não é nem de longe um problema. Bom livro.
[início: 13/03/2015 - fim: 16/03/2015]
"Flores da ruína", Patrick Modiano, tradução de Maria de Fátima Oliva de Coutto, Rio de Janeiro: editora Record, 1a. edição (2015), brochura 13,5x21 cm., 143 págs., ISBN: 978-85-01-10305-5 [edição original: Fleurs de ruine (Paris: editions du Seuil / La Martinière Groupe) 1991]

sábado, 21 de março de 2015

dora bruder

Nestas últimas semanas de verão li um bocado de livros de Patrick Modiano, o sujeito que ganhou a última edição do prêmio Nobel. São livros curtos, não exatamente monotemáticos, mas que têm tramas parecidas, sempre urbanas, ambientadas em Paris e que se valem de uma curiosa ambivalência entre um registro pessoal de memórias e a pura invenção literária. Modiano parece querer ensinar que "A realidade precisa ser inventada literariamente", como já disse um dia Isak Dinesen. Em "Dora Bruder" o leitor acompanha uma espécie de arqueologia dos poucos fatos que emergem da vida de uma jovem francesa que provavelmente acabou morta nos campos de concentração nazistas durante a segunda grande guerra. O tom é frio, quase jornalístico, objetivo, mas há lirismo, sentimentos e humanidade em suas reflexões. O narrador do livro, em 1988, lê uma nota curta num jornal antigo, dos tempos de ocupação nazista da França, dando conta do desaparecimento de Dora Bruder. O narrador passa então a procurar indícios de Dora, mas tudo é vago, impreciso, pouco confiável, fragmentário. Ele descobre que Dora havia fugido de um internato e certamente passou um inverno pelas ruas de Paris antes de ser presa e deportada. A lembrança da ativa colaboração de franceses com os procedimentos de guerra e destruição nazista explicita um passado que sobretudo envergonha a França e os franceses. O narrador (Modiano afinal de contas, mas um Modiano filtrado pela ficção) compara o destino dessa Dora Bruder com pessoas que ele conheceu e sobre as quais escreveu em seu primeiro romance, em 1965. Ele fala também ao menos de um dos aborrecimentos vividos por seu pai durante a ocupação nazista e de como aquele primeiro livro era uma tentativa de responder a uma inquietude, um desejo de vingança pelo que seu pai sofreu. Trata-se então de um livro que decantou lentamente, por trinta anos, numa espécie de síntese de seus procedimentos narrativos, de sua técnica. Haverá outros Modianos por aqui.
[início: 03/03/2015 - fim: 05/03/2015]
"Dora Bruder", Patrick Modiano, tradução de Márcia Cavalcanti Ribas Vieira, Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1a. edição (2014), brochura 14x21 cm., 143 págs., ISBN: 978-85-325-0889-8 [edição original: "Dora Bruder" (Paris: Éditions Gallimard) 1997]

segunda-feira, 9 de março de 2015

goodbye to all that

Comprei esse volume na incrível Dussmann, em Berlin, no início do ano passado. Lembro-me de ter lido uma tradução de  "Goodbye to All That" nos anos 1980, mas não encontrei o volume nos meus guardados. De qualquer forma comecei a ler essa bela edição da Collector's Library ainda na viagem de volta e havia já avançado um bom terço quando por alguma razão acabei perdendo-me dele num ponto qualquer das loucuras do miserável 2014 enfrentado por esse perturbado país. Na viagem de inverno deste ano, rumo a Navarra e a Dublin, levei-o comigo, retomei a leitura desde o início e o segui até o final sem muitas interrupções. Trata-se de um livro de memórias, sobretudo um registro das memórias da primeira grande guerra mundial. Robert Graves alistou-se logo no início da guerra, aos 19 anos, experimentou sua cota de desgraças, ferimentos e perdas. No livro há duas partes, a primeira, introdutória e bem curta (umas cinquenta páginas) é sobre sua história pessoal (sua educação principalmente) e a de sua família, de antecedentes irlandeses e alemães (as passagens divertidas estão todas aí). A segunda parte trata da grande guerra propriamente. Ele feriu-se gravemente pelo menos três vezes e na batalha do Somme chegou a ser dado como morto (teve até que pedir para The Times londrino a retificar a notícia de sua morte). Nenhuma guerra ou conflito armado, por menor ou mais afastado de nós que seja, tem um lado bom ou educativo, algum valor, mérito ou necessidade. As descrições de Graves são cheias de detalhes bizarros, que nada tem a ver com as versões edulcoradas - e consagradas - pelo cinema. O leitor aprende também algo sobre o sistema de classes inglês. O livro foi lançado originalmente em 1929 e tornou-se um enorme sucesso de vendas. Graves tinham pouco mais que 33 anos e termina o livro abruptamente, dizendo que os anos do pós-guerra pareciam apenas um intervalo que anteciparia outros conflitos. Essa edição que li foi corrigida por ele quase trinta anos depois, em 1957. Nela Graves pôde incluir nomes e localidades que algum tipo de segredo de guerra e/ou preocupações éticas fizeram-no omitir. Num longo posfácio incluído no livro um sujeito chamado Ned Halley afirma que Graves não é exatamente preciso em suas memórias e que ao menos dois de seus colegas militares (e também poetas como ele, Siegfried Sassoon e Edmund Blunden) registraram algo sobre a cronologia fantasiosa e digressões demasiado inventivas. De qualquer forma o impacto da leitura é impressionante. O leitor acompanha as mortes e as inúteis batalhas progressivamente se anestesiando daquele horror (como acontece mesmo no mundo real, onde a maioria das pessoas acaba desgraçadamente tornando-se bruta e acostumada com qualquer violência). Bom livro. 
[início: 18/02/2014 - fim: 03/03/2015]
"Goodbye to All That", Robert Graves, London: Collector's Library (CRW Publishing limited), 1a. edição (2013), capa-dura 10x15,5 cm., 437 págs., ISBN: 978-1-909621-05-3 [edição original: Good-bye to All That (London: Jonathan Cape) 1929]

segunda-feira, 2 de março de 2015

guia ilustrado pamplona

Quando você sai de Madrid e segue "north by northeast" até Pamplona parece que estás sempre subindo rumo às terras altas de Navarra, mas isso é uma ilusão (Madrid está num ponto mais alto que Pamplona, um ponto pelo menos 200 metros mais alto.) Mas pouco importam as altitudes. O que impressiona em Pamplona ao chegar-se ali é o contraste que oferece seu entorno, as montanhas nevadas que a acolhem, a geografia e a história impregnadas na arquitetura, na disposição das ruas dos "casco antiguo", nos "ensanches", nos monumentos, nas edificações. Depois o que conquista o viajante são a gastronomia e as tradições (como as festas de "San Fermín", contadas por Hemingway em seu "O sol também se levanta").  Pamplona foi fundada há mais de 2000 anos, disputada por muitos povos, mas permanece como uma pequena jóia incrustada nos Pireneus. Claro, doña Cristina ensinou-me os caminhos da cidade, fez-me desfrutar alegrias sem fim nos poucos dias que fiquei ali, mas esse "plano-guia" ajudou-me também a conhecer a cidade. A linguagem é bem humorada, estudada para tornar um certo acúmulo de informações tolerável para o leitor que talvez queira apenas saber como chegar até a "Plaza de toros", a um trecho do "caminho de Santiago", a "Plaza del ayuntamiento", a "Catedral de Santa Maria", a "Ciudadela". As ilustrações e reproduções fotográficas ajudam o viajante a situar-se e conhecer um tanto mais a cidade. Belo guia. Belo livro. Memorável cidade.
[início: 08/02/2015 - fim: 13/02/2015]
"Guia Ilustrado Pamplona", Luis Goñi Iturralde, Pamplona: Iturralde e Goñi estudio creativo S.L., 1a. edição (2014), brochura 21x21 cm., 27 págs., sem ISBN (D.L. NA 1890-2014)