Agora em maio/junho estive em Belém. Foi uma experiência muito boa. Apesar de estar a trabalho e com compromissos bem amarrados tive a chance de andar um tanto pela cidade e sentir o calor e acolhimento das gentes. Quando é mesmo que um sujeito pode dizer que conhece uma cidade, um país, se as vezes não conhecemos direito nem mesmo um quarteirão de nosso bairro? Bueno. Ganhei dois livros dos amigos que fiz por lá. Um o poderoso "Belém do Grão Pará", do Dalcídio Jurandir, que ainda vou terminar e resenhar aqui. O outro foi este pequeno "A chave da berlinda", que li ainda na longa viagem de avião para casa. Trata-se de uma novela curta centrada nos sucessos de um "Círio de Nazaré", a grande festa religiosa que acontece por lá. Três irmãs frenéticas provocam muita confusão em casa nos dias que antecedem o Círio. Elas tem uma pequena irmã caçula, de pouco mais de um ano, que ainda não participa de suas fantasias e jogos, mas de alguma forma as estimula. As meninas imaginavam ter recebidos presentes de uma tia distante, mas descobrem algo decepcionadas que se tratavam apenas de livros (nem sempre as crianças sabem da fonte dos verdadeiros tesouros). Seus pais estão atarefados com a preparação da festa do Círio e deixam as três meio soltas na cidade. Uma tarde a família sai para comer fora e em um restaurante encontram um amigo. Este conta uma longa história envolvendo a morte e o enterro de um contraparente deles todos, que mobilizou toda a família e provocou muita confusão, exatamente em uma outra festa do Círio de Nazaré. Esta história é como um conto enxertado na primeira narrativa, mas que acaba se encaixando bem, de forma que não esquecemos das três meninas. Com o fim do discurso do amigo a família volta para casa, bem cansados. No dia seguinte mais sucessos: as meninas decidem ir a procissão do Círio, apesar dos perigos devidos ao amontoado de gentes. Aborrecidas com a longa espera vagam pelo meio do povo, encontram uma chave e guardam para entregar aos pais, sem saber que se tratava da chave da berlinda, o local onde a santa que abre a procissão do Círio fica guardada. Sem a chave não há santa, não há bispo, não há procissão. O atraso é inevitável. É uma história divertida, em um clima é de contos de fadas, que talvez funcione melhor para o público infanto-juvenil, mas que adultos de todas as idades também podem gostar. Li e aprendi um bocado. Vamos em frente. [início - fim 19/05/2010]
"A chave da berlinda", João Carlos Pereira, editora Amazônia Livros e Vídeos, 1a. edição (2003), brochura 14x21 cm, 127 págs., sem ISBN.
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