Nesse segundo volume das aventuras de Valerian e Laureline encontramos três histórias que são mesmo fruto dos anos 1970. Nelas são discutidos temas caros àquela época, assuntos polêmicos que começaram a ser debatidos também pelo grande público, como o de cuidado com meio ambiente, a busca por fontes alternativas de energia, a igualdade de gênero, as relações entre ideologia e poder, o caminho dos excessos com drogas ilícitas. Pierre Christin e Jean-Claude Mézières desenvolvem três histórias curiosas, que se não são tão contundentes quanto as três iniciais (volume #1) tem lá seu valor. Em "O país sem estrela", de 1972, somos apresentados a Ukbar, um bizarro mundo dividido entre homens e mulheres, habitantes de duas cidades-estado, nas quais os líderes escravizam sempre o gênero oposto e fazem uso de uma mesma fonte de energia em suas seculares contendas e guerras. Uma das funções de Velerian e Laureline, como agentes do Império Terrestre, é garantir o fluxo contínuo de matérias primas para Galaxity, sua capital. Para alcançar esse objetivo eles intervêm na disputa entre os dois povos. Em "Bem-vindos a Alflolol", também de 1972, repete o tema de exploração dos recursos naturais de um planeta. Valerian e Laulerine tomam partido dos habitantes de Alflolol, um povo alegre e nômade, que nem tinham ciência que seu planeta natal estava sendo explorado pelos terráqueos, pois suas viagens de férias duravam quatro séculos. Em "Os pássaros do mestre", de 1973, o tom é mais sombrio. Mézières e Christin provocam reflexões sobre a manipulação religiosa e política que populações inteiras podem experimentar, tornando-se escravos de um "guia genial", de um "mestre". Valerian e Laulerine ajudam a população a organizar uma resistência, uma revolta contra essa sociedade opressiva, libertando-os. Mesmo quando aborda temas complexos o tom é sempre bem humorado, de tal forma que são sutis, porém efetivas, a crítica social, a análise política e as reflexões sociológicas. As ilustrações são poderosas, monumentais. Assim como no volume anterior, neste encontramos uma entrevista recente com os autores, uma curta biografia deles e um posfácio onde se conta algo sobre a influência de Mézières e Christin nas gerações seguintes de cartunistas franceses. Vamos a ver se o SESI-SP continuará a produzir esses volumes (a produção completa em francês envolve mais de vinte álbuns). Logo veremos. Vale!
Registro #1258 (hq's, cartuns e mangás #68)[início: 25/10/2017 - fim: 22/11/2017]
"Valerian Integral (volume #2)", Pierre Christin, Jean-Claude Mézières, cores de Évelyne Tranlé, tradução de Fernando Paz, São Paulo: SESI-SP editora,
1a. edição (2017), brochura 22,5x29 cm., 172 págs., ISBN:
978-85-504-0413-64[edição original: Valérian Intégrale - tome 2 (Paris: Dargaud) 1973]
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