domingo, 4 de outubro de 2020

el suplicio de las moscas

"El suplicio de las moscas", volume de aforismos, anotações e reflexões de Elias Canetti, corresponde ao período que vai de 1986 a 1992. Livros deste tipo dele são sempre bons. Já registrei aqui "La provincia del hombre" (que reúne anotações do período que vai de 1942 a 1972), "Festa sobre as bombas" (publicado postumamente, correspondendo a todo o período em que ele viveu na Inglaterra e na Suiça) e "Sobre a morte" (reflexões específicas sobre a morte, escritas entre 1942 e 1993). Há um outro livro deste gênero, "O coração secreto do relógio", que cobre o período de 1973 a 1985, que li há décadas e resta perdido em meus guardados. "El suplicio de las moscas" está dividido em nove conjuntos. Canetti fala do homo sapiens (suas virtudes, defeitos, caráter vocação para a destruição e o sublime), de autores que aprecia (Kafka, Brückner, Swift, Blake, Pascal, Babel), falta do tempo e dos deuses, da morte, das línguas e da amizade, do medo, do judaísmo, mitologia e velhice, da capacidade de amar. Há várias anotações longas, onde Canetti sintetiza o que pensa sobre tragédias gregas (Sófocles, sobretudo: As Traquínias, Electra, Filoctetes, Édipo Rei, Édipo em Colono, Antígona). As anotações têm algo de enigmático, podem ser entendidas como definições incontroversas sobre um assunto, ou apenas como provocações, temas para discussão, que talvez merecessem posteriormente ser melhor entendidos, por ele mesmo. Não podendo citar todas anotações, deixo aqui quatro delas: “É inteligente como um jornal. Sabe tudo. Mas o que sabe muda todos os dias”; “Há quem sirva à riqueza e há quem sirva à fama. Nenhum dos dois é inocente, pois esperam despojos”; “Frequentemente pessoas ficam gravemente doentes para converterem-se em outras, e, decepcionados, curam-se”; “Tudo soa convincente quando se sabe pouco”. ÔBeleza. Sempre grande é o Canetti. Vamos em frente. Vale!
Registro #1576 (aforismos #11)
[início: 03/08/2020 - fim: 17/09/2020]
"El suplicio de las moscas", Elías Canetti, tradução de Cristina García Ohlrich, Madrid: Anaya & Mario Muchnik (Grupo Anaya), 1a. edição (1994), brochura 13x20 cm, 155 págs., ISBN: 978-84-7979-072-5 [edição original: Die Fliegenpein (München: Deutscher Taschenbuch Verlag) 1992]

2 comentários:

Maninha disse...

Excelente teu blog!

Aguinaldo Medici Severino disse...

Valeu
Grato pela gentileza.
Abraço
AMediciSeverino