quinta-feira, 21 de maio de 2009

menina que brincava

Como havia gostado muito do primeiro volume da trilogia Millennium de Stieg Larsson, não esperei muito para comprar e ler este segundo volume assim que ele foi publicado. Todavia este "A menina que brincava com fogo" não me agradou da mesma forma. Se no primeiro volume a falta de ambiguidade ajudava um tanto a entender os papéis representativos da complexa sociedade sueca, neste segundo o jogo do bem contra o mal é esquemático e repetitivo demais. O primeiro capítulo é apenas um prólogo dispensável, sem conexão algum com a história principal, um tanto ao estilo dos filmes de espionagem, onde algo com muita movimentação e violência antecede a entrada dos créditos iniciais. Há também longos capítulos que servem apenas para prolongar um clímax que nunca chega e retardar o fato do leitor já estar certo de saber que a mocinha vai se safar, que a verdade virá a tona, que os maus e perversos serão desmascarados. Os personagens principais, a jovem hacker e o astuto jornalista, continuam os mesmos que deixamos ao terminar o volume anterior, apesar de terem se envolvido emocionalmente e se separado abruptamente. As coincidências e acasos abundam pelo livro, sem eles nenhuma ação poderia se desenvolver adequadamente. Um novo personagem, misterioso e com ligações políticas no alto escalão do governo, domina o livro todo, até aparecer como um demônio encarnado nos capítulos finais. Não há remissão para o sujeito. Muito do passado da jovem heroína do livro é agora explicado e justificado, mas ela não ganha muito em profundidade psicológica, como se esperaria de um personagem forte. O final da história acontece rápido demais, como se o autor estivesse cansado dos tantos desvios que fez para chegar aquele ponto. Há coisas que são irritantes: acreditar que uma mocinha possa se livrar de dois fortes motociclistas suecos, uns marginais que são típicos vikings modernos, apenas usando o fator surpresa, é mesmo inverossímel demais. Há uns erros de tradução meio bobos acho eu. A menina vai comprar bebidas em um "monopólio dos espirituosos", que eu acho ser uma tradução ruim para um trivial "loja de bebidas" e várias vezes a heroína faz menção a uma "bomba de gás lacrimogênio" que possui, mas eu acredito que se trata de um simples e funcional "spray de pimenta". Como eu não sei sueco (e a tradução foi feita a partir de uma versão francesa) jamais saberei se estou certo. Paciência. Vamos a ver como Stieg Larsson termina a trilogia. Se o mundo inventado por ele for mesmo esquemático como eu imagino devemos no terceiro volume ser apresentados a história pregressa do herói jornalista e seus sucessos. Veremos. [início 19/04/2009 - fim 04/05/2009]
"A menina que brincava com fogo - Millennium 2", Stieg Larsson, tradução de Dorothée de Bruchard, editora Companhia das Letras (1a. edição) 2009, brochura 16x23, 607 págs. ISBN: 978-85-359-1422-1

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com a questão da tradução. Estou achando péssimo a repetição de tantos termos como "meneou a cabeça"...

Aguinaldo Medici Severino disse...

Pois se prepare para a continuidade destes erros no terceiro volume (que acabei de ler mas ainda não resenhei aqui).
Claro que o prazo dado para a tradução sair rapidamente é pequeno, mas também é inegável que há muitas barrigas na tradução.