Nunca havia lido nada de Thomas Bernhard. Nos guardados de minha biblioteca encontrei um exemplar de bolso de "O náugrafo", de 1996, mas não me lembro de tê-lo lido. A capa deste "O imitador de vozes" chamou-me a atenção e li este conto ou mini-conto, que dá nome ao livro, ainda em pé, nos corredores da CESMA. Ao final são 108 histórias curtas, monotemáticas. Parece que o estilo que Bernhard é este mesmo. Ele repete os temas, o estilo, os personagens e a paisagem das histórias, mas com isto ele ensina ao leitor a prestar atenção ao que realmente importa: a meu juízo a fragilidade da condição humana, não a fragilidade física, mas sim dos aspectos morais da condição humana. As histórias começam como contos de fada, ambientados em alguma cidadezinha pitoresca da Alemanha, da Aústria, da República Tcheca. Os temas são banais e vulgares. São viagens, encontros, caminhadas, lembranças e têm quase sempre tem um desfecho trágico. Os personagens são variados: gente do campo, músicos, cantores, filósofos, professores, burocratas, homens de negócios, políticos. Como seu estilo é bastante direto e factual, resta ao leitor aguçar o espírito e entender a hipocrisia inerente da sociedade que engendra histórias tão patéticas (sobretudo por serem críveis apesar do absurdo intrínsico de cada uma delas). Os cadáveres vão se empilhando e ao final do livro estamos fartos da matança, se não física, ao menos moral de cada homem e mulher deste desgastado mundo novo em que vivemos. [início 15/09/2009 - fim 15/10/2009]
"O imitador de vozes", Thomas Bernhard, tradução de Sérgio Tellaroli, editora Companhia das Letras (1a. edição) 2009, brochura 14x21, 159 págs., ISBN: 978-85-359-1504-4
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