O poema não é muito longo (são menos de cem estrofes em oitava-rima - oito versos decassílabos, como no Os Lusíadas, de Camões) e é escrito em uma linguagem corrente, nada rebuscada, que lê-se com prazer. O tema também ajuda, pois é divertido e leve. Byron conta os desdobramentos rocambolescos de um triangulo amoroso. Faz uma irreverente e satírica comparação entre a moral inglesa e a italiana, criticando a hipocrisia daquela primeira e o excessivo relaxamento dessa última. A tradução é assinada por Paulo Henriques Britto, garantia de que muito provavelmente as melhores soluções possíveis foram incorporadas ao texto. De fato essa tradução é uma segunda versão, revisada, da original, que é de 1989. O pequeno livro inclui três minos. Primeiro uma introdução relativamente longa, onde Paulo H. Britto fala da biografia de Byron e da importância de sua obra, produto do início do século XIX. Ele digressa sobre a exuberância da poesia de Byron e seus defeitos, compara-o a Wordsworth e aponta para o aprendizado que a leitura de sua obra oferece ao leitor moderno. Há também um posfácio onde se discute a técnica de composição de Beppo e sobre as escolhas do tradutor (principalmente as forçadas limitações). Por fim há a transcrição de uma carta de Byron onde ele apresenta a um amigo a figura do "cavalier servente", o sujeito que na sociedade veneziana do século XVIII era o amante oficial de uma senhora casada, uma espécie de marido adicional, que poderia até tornar-se amigo do original. Não é o melhor poema que já li na vida, mas é mesmo jocoso e divertido, na medida certa para esses dias tão medíocres. Vamos em frente.
[início: 23/09/2012 - fim: 26/09/2012]
"Beppo: Uma história veneziana", Lord Byron, tradução de Paulo Henriques Britto, Rio de Janeiro: editora Nova Fronteira (coleção fronteira), 3a.
edição (2010), brochura 12,5x19,5 cm, 162 págs.
ISBN: 978-85-209-2465-5 [edição original: Beppo: a venetian story (Venice) 1817]
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