Carlos Gianotti é físico como eu, mas nunca tivemos a chance de nos conhecer nos grandes encontros da SBF (em seus dias de físico ele atuava em Porto Alegre e eu morava em São Paulo). Lendo suas histórias fiquei com a impressão que compartilhamos um entendimento do mundo e da vida algo parecido (mas sabe-se lá quanto dele e de seus valores ou ideias está mesmo fixado no narrador de suas histórias?). Os livros têm formas curiosas de encontrar leitores e este passou pelo Culleton e pela Suzana, amigos queridos, antes de chegar até mim. "Um rio circunferencial" reúne 47 contos. Eles registram, quase sempre com bom humor e ironia, reflexões descompromissadas sobre cenas urbanas, digressões sobre as coisas da vida que um narrador curioso faz e vê. As experiências e causos quase sempre são banais e corriqueiros mas alcançam provocar no leitor além de espanto, cumplicidade. Não é pouco. A contenção é marca significativa dos contos, que são bem curtos, como se Gianotti não tivesse paciência para construir enredos longos e intrincados que justificassem aqueles pequenos momentos que consegue fixar literariamente. Talvez, por um vício editorial - área em que atua profissionalmente hoje em dia, ele se obrigue a desbastar sem dó textos maiores até concentrar uma ideia ou conceito, talvez, por hábito e ritmo, ele parta do que há de seminal nas ideias que tem e inventa enredos que as acolha (só ele poderá dizer a gênese mesma de suas histórias). O livro é ilustrado com imagens fotográficas, que se não foram adrede produzidas para juntarem-se aos contos, foram escolhidas com critério para este fim. Elas são assinadas por Renata Stoduto. Vamos a ver se um dia o conhecerei, se vamos ter coragem de falar de física ou de livros, e se terei a chance de ouvir suas histórias. Vale.
[início: 05/05/2013 - fim: 14/05/2013]
"Um rio circunferencial: contos curtos", Carlos Alberto Gianotti, Porto Alegre: WS editor, 1a. edição (2012), brochura 15,5x22,5 cm., 112 págs., ISBN: 978-85-7599-141-1
Um comentário:
Oi, aguinaldo, merci pela visita ao linha. Fui olhar no recibo do cartão de crédito pra você - o simpático lugar chama-se Lampadosa, fica na rua do Rosário 36, ali por trás do CCBB, onde há vários bistrôs, restaurantes, alguns lugares bem interessantes por ali, com roda de samba e animação. Esse onde fui tem até página no facebook, veja lá ::)
https://www.facebook.com/lampadosa
Tenho acompanhado suas leituras, falei umas linhas no seu post sobre Hilda, mas acho que vc não leu, no problem at all :))
grande abraço,
vera
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