Essa impressionante novela conquista o leitor na primeira frase: "Sabía que iba a pasar; lo supo en cuanto la vio." A história se passa em Formosa, na região do Chaco argentino, próxima a fronteira com o Paraguai. Ramiro, um sujeito de trinta e poucos anos, retorna a Argentina após ter estudado na França (e de ter se casado e se separado por lá). A Argentina está - como quase sempre - sob regime militar (é 1977), mas a presença da ditadura não se advinha naquele norte provinciano, muito afastado da capital. Ramiro é convidado por um médico importante, antigo amigo de seu pai, para um jantar numa noite quente de lua cheia. Ele fala de seus planos de dar aulas em uma universidade local e ajudar sua mãe, viúva, mas a conversa e o jantar seguem como num transe, pois desde o momento em que chegou a fazenda de seu anfitrião Ramiro percebeu-se enfeitiçado por uma garota de treze anos, Araceli. Os sucessos que Mempo Giardinelli faz seu narrador contar são mais ou menos previsíveis, trata-se afinal da história de uma paixão desmedida, grega, bíblica, shakespeariana, mas as fórmulas que ele inventa surpreendem o leitor o tempo todo, não dão trégua, de forma que ficamos inevitavelmente com o livro nas mãos até chegar a seu desfecho. Gracias a don Tailor Diniz por essa certeira recomendação. Vale.
[início/fim: 24/09/2014]
"Luna Caliente", Mempo Giardinelli, Madrid: Alianza editorial (Grupo Anaya), 2a. edição (2014), brochura 13x20 cm., 160 págs., ISBN: 978-85-206-8306-5 [edição original: México: Editorial Oasis (serie Lecturas del Milenio, Premio Nacional de Novela) 1983]
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