Rondon de Castro nos oferece onze contos. A princípio podemos inferir que eles gravitam apenas o tema da morte (como o título induz o leitor a pensar) mas sob as camadas de violência e dor com que ele constrói suas histórias encontramos também uma espécie de compromisso, um engajamento, uma escolha (que se eu não o conhecesse poderia imaginar que poderia ser apenas do narrador e não do autor). Na maioria das narrativas encontramos um olhar generoso por todo aquele que sofre, é oprimido, por todo aquele que padece da violência do estado (principalmente aqueles que são compelidos socialmente a se destruir no processo de destruírem seus semelhantes). Essa espécie de resistência narrativa à massificação da violência é louvável. São histórias curtas. Os diálogos bem construídos. Gostei particularmente de sua releitura do mito do Golem (em "O golem em minha vida") e do tom fantástico de duas delas (uma que se passa no final da segunda grande guerra - "O moço da parede"; e outra que se passa durante a guerra do Paraguai - "Antunes"). Parabéns Rondon.
[início: 24/09/2014 - fim: 26/09/2014]
"A morte como companhia", Rondon de Castro, Santa Maria/RS: editora Rio das Letras, 1a. edição (2014), brochura 13x21 cm., 130 págs., ISBN: 978-85-65172-14-1
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