Esse curioso livro reúne dois conjuntos de dez poemas, "Nos, os bianos" e "Orikis", de dois autores da mesma geração e igualmente fortes, Edimilson de Almeida Pereira e Ricardo Aleixo. Do Aleixo já li vários livros ("Modelos vivos", "Impossível como nunca ter tido um rosto", "Máquina zero"), do Edmilson nunca havia lido nada. Como o antropólogo e também poeta Antonio Risério explica em uma breve introdução ao livro, os dois poetas retrabalham coisas e espíritos muito antigos, característicos de lugares distintos do continente africano, dando-lhes a roupagem para que sejam incluídos no repertório cultural contemporâneo brasileiro. Edmilson é tributário da etnolinguística Banto e Aleixo das culturas Jeje e Nagô. Os dez poemas de "Nos, os bianos", de Edimilson, parecem cânticos, letras de uma teogonia fragmentada, fundida a elementos de um sincretismo em construção. Nos dez de Aleixo, em "Orikis", faz-se um censo poético dos orixás, com o poeta - feito um Janus - olhando simultaneamente para os arquétipos desses ancestrais divinizados e para o leitor desse nosso tempo conturbado. O livro inclui um glossário de termos bantos e iorubás, além de uma pequena bibliografia. São vinte poemas brevíssimos, mas muito poderosos. Evoé.
Registro #1216 (poesia #87)[início: 02/09/2017 - fim: 08/09/2017]
"A roda do mundo", Ricardo Aleixo, Edimilson de Almeida Pereira, Belo Horizonte: Objeto Livro / Segrac, 2a. edição (2004), brochura 11x20 cm., 48 págs., sem ISBN
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