Gostei muito de "Placas tectônicas", graphic novel explicitamente autobiográfica de Margaux Motin, desenhista e quadrinista francesa, publicado originalmente em 2013. Se ler o livro foi divertido, escrever sobre ele envolve algum cuidado, afinal estamos em tempos "politicamente corretos" e da vulgaridade dos "lugares da fala": pode um homem escrever sobre um livro que fala sobretudo da psiquê feminina? (claro que pode, mas há hordas de mal humorados que diriam que não). O livro é um conto de fadas contemporâneo, um livro divertido, que usa o humor e a sensibilidade para falar de questões de nosso cotidiano, ou seja, de separação e perda, das dificuldades de conciliar trabalho e o especial ofício de ser mãe, das formas de explorar a sexualidade e capacidade de amar, dos sonhos e da realidade da vida, de como conhecer o próprio corpo e seus limites, de como conviver com quem partilhamos coisas em comum e com gente que detestamos por princípio. O traço de Motin é limpo, bonito mesmo de se ver, muito colorido e com boas invenções gráficas. O roteiro/texto vai do sarcasmo ao mais franco humor. As ilustrações incluem também alguns registros fotográficos que passaram por intervenção gráfica. Esses registros funcionam como um desvio poético, um descanso da tensão acumulado que por vezes alcança a narrativa. Bacana. Ela é hiperativa, vale a pena acompanhar seu blog no typepad (há coisas desde 2008). Vale!
Registro #1256 (graphic novel #67)[início: 07/01/2018 - fim: 11/01/2018]
"Placas tectônicas", Margaux Motin, tradução de Fernando Scheibe, São Paulo: Editora Nemo (Grupo Autêntica),
1a. edição (2016), brochura 17x24 cm., 2564 págs., ISBN:
978-85-8286-284-1 [edição original: La Tectonique des Plaques (Paris: Éditions Delcourt) 2013]
Um comentário:
Fui lá no blog dela, legal, vou procurar o livro, abraços.
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