sexta-feira, 8 de novembro de 2019

el cartero del rey

Escrita em 1912, essa pequena peça de teatro deixa-se ler em um par de horas. É uma cousa sutil, delicada, algo mágica, que provoca o leitor/espectador refletir sobre nossa humana fragilidade, nossa transitória condição, nosso destino. A peça (Bengali Dak Ghar no original) foi traduzida por Yeats e por conta disto rapidamente ganhou visibilidade no ocidente, tendo sido encenada com regularidade desde sua primeira publicação (cabe dizer que ambos ganharam um prêmio Nobel, Tagore em 1913, Yeats em 1923). A história é curtíssima, e tem muito de alegórico. Uma criança, Amal, encerrada numa casa em função de sua doença, debilitante e incurável, alcança conversar e fazer perguntas a algumas pessoas, aquelas que passam próximas da janela de seu quarto. Neste ele conversa com seu pai adotivo, Madhav, e com um médico; da janela do quarto ele conversa com um leiteiro; um vigia noturno; um marinheiro; um valentão, que é chefe de sua aldeia; e com uma florista, Sudha. Basicamente ele pergunta a estas pessoas qual o destino delas, pergunta para onde eles vão. Os diálogos levam o leitor a refletir sobre o significado da vida, sobre a curiosidade que nos move, que nos obriga a tentar entender o quê significa mesmo partilhar uma existência, uns poucos anos, em um universo que tem mais de 13,77 bilhões de anos. Eventualmente, cada um de nós se desapega da vida, do eu, das cousas, dos outros. Todavia, quase sempre, esta epifania acontece quando já não somos capazes de mudar, nem tampouco entender de fato, a razão e o acaso de nossos destinos, se é que isto importa. Vale! 
Registro #1466 (drama #16) 
[início - fim: 03/10/2019]
El cartero del Rey", Rabindranath Tagore, tradução de J.A. López de Letona, Madrid: Ediciones Akal, (Básica de Bolsillo) 1a. edição (1986), brochura 12x18 cm., 80 págs., ISBN: 978-84-460-3323-3 [edição original: The Post Office (New York: Macmillan Company) 1914]

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