Massimo Cacciari, filósofo italiano, ensaísta dos bons, apresenta neste pequeno volume três curtos ensaios sobre arte. Ele fala de três obras produzidas no século XV que considera "(...) em sua finalidade, em ato, apresentarem um pensamento pictórico específico". As três obras são: "A trinidade", de Andrei Rublev, parte do acervo da Galeria Tretyakov, em Moscou; "Ressurreição", de Piero della Francesca, parte do acervo exposto no Museo Civico de San Sepolcro, na Itália; e "Retrato dos Arnolfini", de Johannes de Eyck, do acervo da National Gallery, de Londres. Cacciari alcança encontrar nas três obras camadas de símbolos, de representações, de informações cifradas. Sua narrativa ilumina as obras, cada gesto capturado pelo artista, cada fragmento das imagens é por ele desconstruído, forçado a mostrar sua razão de estar ali. O que ele faz é basicamente narrar toda uma simbologia cifrada. Mas, a meu juízo, o leitor quase se afoga neste mar de referências cruzadas. A linguagem utilizada por Cacciari é muito técnica, coisa que certamente afasta alguém não muito familiarizado com a história da arte, com história das religiões, com estética, sociologia, com a filosofia, como eu. Difícil decisão recomendar ou não um livro assim. Gosto mais do estilo de Cees Nooteboom quando apresenta suas reflexões sobre arte (dele já li os seminais "El bosco", "Zurbarán", "El enigma de la luz", "Tumbas"). Claro, a rica e exuberante descrição das obras que Cacciari oferece ao leitor nos dá
oportunidade de ilustrar-nos mais, a aprender algo que não conhecemos, afinal, em algum momento de nossa história perdemos a capacidade de entender certas alusões iconográficas. Será o caso de invejarmos nossos ancestrais do medievo, da renascença? Todavia, apesar do livro ser curtíssimo, precisei investir um bocado de tempo nele para poder dizer "que li este livro". Vamos em frente, tenho um outro Cacciari para registrar em breve. Vale!
Registro #1464 (crônicas e ensaios #263)
[início 03/04/2019 - fim: 14/09/2019]
"Três ícones", Massimo Cacciari, tradução de Denise Bottmann e Federico Carotti, Belo Horizonte: Editora Âyiné (coleção Pré textos | Kutchak #2), 1a. edição (2007), brochura 12x18 cm., 74 págs., ISBN: 978-85-92649-14-2 [edição original: Tre Icone (Milano: Adelphi Edizione S.P.A Milano) 2007]
Registro #1464 (crônicas e ensaios #263)
[início 03/04/2019 - fim: 14/09/2019]
"Três ícones", Massimo Cacciari, tradução de Denise Bottmann e Federico Carotti, Belo Horizonte: Editora Âyiné (coleção Pré textos | Kutchak #2), 1a. edição (2007), brochura 12x18 cm., 74 págs., ISBN: 978-85-92649-14-2 [edição original: Tre Icone (Milano: Adelphi Edizione S.P.A Milano) 2007]
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